O governo de Israel afirmou nesta quinta-feira, 17, que o líder do grupo militante palestino Hamas, Yahya Sinwar, foi morto durante um ataque na Faixa de Gaza. Considerado um dos principais arquitetos dos ataques de 7 de outubro do ano passado, que deixaram 1.200 israelenses mortos, o líder chegou ao comando da organização após a morte do seu antecessor, Ismael Haniyeh, numa suposta operação israelense na capital iraniana, Teerã.
Operando nas sombras de uma rede de túneis sob Gaza, duas fontes israelenses disseram à agência de notícias Reuters que Sinwar sobreviveu a outros ataques aéreos israelenses no ano passado, que teriam matado seu vice, Mohammed Deif, e outros líderes importantes.
Embora a estrutura de liderança do Hamas seja opaca, há nomes proeminentes dentro do movimento que podem assumir protagonismo. Uma das possibilidades, segundo agentes da inteligência dos Estados Unidos ouvidos pela emissora americana CNN, é que Mohammed Sinwar, irmão de Yahya, assuma o comando. Com um perfil similar ao do irmão, ele foi responsável pela construção da rede de túneis do Hamas.
Outra possibilidade, segundo as autoridades americanas, é Khalil Al Hayya, que foi um dos principais protagonistas do Hamas durante as negociações de cessar-fogo realizadas em Doha. Um terceiro nome seria Khaled Meshaal, visto como uma escolha mais difícil, dado seu apoio passado a uma revolta contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, o que não teria sido bem-visto pelo Irã, dominado pelos xiitas.
Quem era Yahya Sinwar
Sinwar é considerado por autoridades árabes e palestinas como o arquiteto da estratégia e do poder militar do Hamas, reforçado por seus fortes laços com o Irã, que ele visitou em 2012.
Desde as tentativas de assassinato, após os ataques de 7 de outubro, o líder trocava de esconderijos constantemente e usava pessoas de confiança para mandar mensagens, sem aderir a comunicações digitais, de acordo com oficiais do Hamas ouvidos pela Reuters. Ele não era visto em público desde o dia dos ataques em solo israelense.
Ao longo de meses de negociações de cessar-fogo fracassadas, lideradas por Catar e Egito, que se concentraram na troca de prisioneiros por reféns, Sinwar era o único tomador de decisões, disseram fontes do Hamas.
Sinwar chegou ao comando do Hamas após a morte do seu antecessor, Ismael Haniyeh, numa suposta operação israelense na capital iraniana, Teerã. Haniyeh, que vivia no Catar, estava no país para a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. O Hamas acusou Israel pelo bombardeio contra uma residência para veteranos de guerra que matou Haniyeh e um segurança e prometeu vingança.
Ao contrário de Haniyeh, Sinwar nunca deixou a Faixa de Gaza e foi nomeado chefe político do grupo no enclave palestino em 2017, com raras aparições públicas. Nascido em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, ele tornou-se membro do Hamas na década de 1980. Ao todo, passou 23 anos em prisões israelenses, tendo sido libertado em 2011 em acordo de troca de prisioneiros.
Meia dúzia de pessoas que conhecem Sinwar disse à Reuters que sua determinação foi moldada por uma infância pobre nos campos de refugiados de Gaza e pelos anos brutais sob custódia israelense, incluindo um período em Ashkelon, a cidade que seus pais chamavam de lar antes de fugirem após a guerra árabe-israelense de 1948.
O homem de 61 anos foi responsável por fortalecer o braço armado do grupo, as Brigadas Al-Qassam. Após 7 de outubro, conseguiu permanecer fora do radar israelense, apesar da violenta campanha de Tel Aviv em Gaza. Até o momento, mais de 40.000 palestinos foram mortos.