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‘Quero continuar minimizando’ a Covid-19, disse Trump a repórter em março

A partir de gravações, jornal americano The Washington Post afirma que presidente admitiu letalidade da doença, mas que não queria causar pânico

Por Da Redação
Atualizado em 10 set 2020, 19h05 - Publicado em 9 set 2020, 15h19

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu em duas entrevistas, uma em fevereiro e outra em março, ao jornalista Bob Woodward que a Covid-19 representava um perigo maior que a gripe, porém que sua intenção era de minimizar a situação para evitar pânico na sociedade. Os áudios da conversa telefônica foram divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo jornal americano The Washington Post.

“Eu sempre quis minimizá-la. Eu não quero criar pânico”, disse Trump a Woodward em 19 de março. “E ainda quero continuar minimizando”, afirmou o presidente nos áudios.

“Isso é uma coisa mortal”, o presidente disse ainda em fevereiro quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda nem tinha declarado a emergência sanitária como uma pandemia. “Você respira o ar e é assim que ela é passada (adiante). E isso é muito complicado. Ela (Covid-19) é muito mais letal que a gripe mais forte”, afirmou Trump ao jornalista, reconhecendo a gravidade da doença.

Em público, a postura de Trump quanto ao novo coronavírus foi diferente. Nas primeiras semanas, minimizou a doença chamando-a de uma simples gripe. Semanas após a primeira conversa com o jornalista, em 9 de março, Trump tuitou: “No último ano 37.000 americanos morreram de gripe comum. Isso varia de 27.000 e 70.000 todo ano. Nada será fechado, a vida e a economia continuarão a seguir em frente”.

Nesta quarta-feira, a Casa Branca negou que Trump tenha enganado intencionalmente a população sobre a gravidade do vírus, que já matou mais de 190.000 pessoas nos EUA. O país soma mais de 6,3 milhões de casos.

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“Absolutamente não”, disse Kayleigh McEnany, secretária de imprensa da Casa Branca, a repórteres pouco após relatos sobre o livro surgirem. “O presidente nunca minimizou o vírus”.

Na conversa, segundo os áudios divulgados nesta quarta, Trump também disse a Woodward que alguns “fatos surpreendentes” haviam sido descobertos sobre os alvos do vírus: “Não são só idosos, os mais velhos. Pessoas jovens também, muitas pessoas jovens”.

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As declarações de Trump estarão no próximo livro de Woodward, Rage (Fúria, em português), que irá explorar os dois últimos anos do governo do republicano na Casa Branca. No primeiro livro, o presidente, apesar de negar a dar entrevista, disse que o jornalista sempre foi justo.

Bob Woodward é conhecido principalmente por ter sido o coautor das reportagens do Washington Post sobre o Escândalo de Watergate, que levaram à renúncia do então presidente Richard Nixon, em 1974.

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