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Lula quer que a China seja ‘motor de reindustrialização do Brasil’

Em entrevista a agência de notícias Xinhua, Lula elogia 'caminho chinês para a modernização' e diz que economias de ambos os países são 'complementares'

Por Amanda Péchy
Atualizado em 14 abr 2023, 09h26 - Publicado em 14 abr 2023, 09h20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou desejar que a China seja o ‘motor para a reindustrialização’ brasileira em entrevista à agência de notícias chinesa Xinhua, divulgada nesta sexta-feira, 14. A declaração ocorre no contexto de sua viagem a Pequim, onde ele manterá uma reunião bilateral com o líder do país, Xi Jinping.

Para Lula, a “China é um grande motor do agronegócio brasileiro”, citando que o valor das exportações do Brasil para a China é maior do que a soma das mercadorias enviadas para os Estados Unidos e para a União Europeia. Mas ele quer que a parceria vá além.

+ ‘Com Lula, abrimos uma nova era Brasil-China’, Xi Jinping declara

“Gostaria que ela [a China] fosse também um grande motor da reindustrialização do Brasil, em bases sustentáveis. Há espaço para iniciativas conjuntas em biocombustíveis e hidrogênio verde, por exemplo. Também queremos redobrar esforços em ciência, tecnologia e inovação, desenvolvendo aplicações práticas a partir das fronteiras do conhecimento científico”, afirmou.

O governo petista vem promovendo um programa de parcerias e investimentos para melhorar a infraestrutura do país, com uma carteira de projetos em áreas como as de portos e aeroportos, rodovias, ferrovias e energia. Segundo o presidente, há “vasto espaço para a ampliação de investimentos chineses nessas áreas, preferencialmente em parceria com as empresas brasileiras”.

+ ‘Ninguém vai proibir que Brasil aprimore relação com China’, diz Lula

“Os investimentos chineses ainda são muito tímidos em relação ao patamar que poderiam atingir. Se no comércio já conquistamos marcas inéditas, nos investimentos ainda temos muito o que construir”, ressaltou.

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Lula elogiou o “sucesso do caminho chinês para a modernização”, comentando que o gigante asiático foi “o que mais tirou pessoas da pobreza na história” e que “é um exemplo impressionante de desenvolvimento”. Mas disse que não há receita única para o desenvolvimento e que boas soluções podem estar em toda parte.

+ A alfinetada musical a Bolsonaro durante recepção de Lula em Pequim

Defendendo que “cada país deve trilhar seu próprio caminho”, o líder do Planalto afirmou que o Brasil está engajado em criar o “caminho brasileiro para a modernização”, “com justiça social, sustentabilidade ambiental e respeito à democracia e aos direitos humanos”.

Desde que Chegou à China, Lula ainda não discutiu os tópicos da democracia e direitos humanos com Xi – alguns dos pontos de incongruência entre os líderes –, preferindo focar-se nas parcerias econômicas e na aliança entre países emergentes para “mudar a governança mundial”, dominada atualmente por Estados Unidos e Europa.

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+ Janja aproveita ‘tempo livre’ e sai para turistar em Pequim

A abordagem é quase diretamente inversa à de sua visita a Washington, para encontro com o presidente Joe Biden. Lá, o foco foi a defesa da democracia (na comunhão de invasões às sedes do governo, que aconteceram tanto no Capitólio americano quanto na Praça dos Três Poderes de Brasília) e combate às mudanças climáticas. A economia, por sua vez, ficou de escanteio nas negociações com a Casa Branca.

+ O saldo positivo que Lula espera tirar da viagem à China

Com relação à estratégia que China e Brasil devem adotar para expandir e aprofundar a cooperação para aumentar ainda mais a influência global do grupo BRICS (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Lula enfatizou que “a importância global do BRICS não deve ser subestimada”.

Para ele, manter a identidade dos BRICS significa apoiar o multilateralismo e trabalhar por reformas nas instituições globais, de modo a torná-las mais democráticas e representativas, inclusive no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nesta sexta-feira, Lula lançou críticas contra a organização e sua “incapacidade” de manter a paz no mundo.

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