Com a primavera em flor e um castelo de bosques verdejantes à disposição, o que faz uma senhora de 94 anos em bom estado de saúde? Sai para andar a cavalo. No domingo 31, a rainha Elizabeth foi fotografada, bem agasalhada e ainda empertigada, cavalgando o pônei Balmoral Fern pelos gramados bem cuidados do Castelo de Windsor, a pouco mais de 35 quilômetros de Londres, onde está isolada com o príncipe Philip, 98 anos, desde março. Como companhia, apenas seu cavalariço. Nada a ver com manifestações extemporâneas de “olha quem manda aqui” de uns e outros — Elizabeth ama cavalos, monta desde os 4 anos e cria puros-sangues. Foi a primeira vez em mais de dois meses que os súditos viram a soberana, digamos, à vontade — no período, ela gravou duas falas à nação, uma a respeito da pandemia e outra sobre os 75 anos da vitória dos aliados na Europa, na II Guerra. Na quarentena, o casal real é servido por uma equipe de 22 funcionários em sistema de revezamento de três semanas (nas folgas, duas são livres e uma é em confinamento, seguida de teste de Covid-19 antes de voltar ao batente). Philip anda mais recolhido, mas a rainha não deixou de se exercitar, seja passeando a pé com seus dois cães da raça corgi, Candy e Vulcan, seja cavalgando quase diariamente. Ela sai por uma porta lateral, entra no carro com motorista e segue, sem mais ninguém, para o estábulo, onde selas, rédeas e todas as superfícies são devidamente higienizadas com álcool em gel. Sim, ela está sem máscara. Mas quem vai puxar a orelha da rainha?
Publicado em VEJA de 10 de junho de 2020, edição nº 2690