Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Recados para a China marcaram viagem de Biden ao sul da Ásia

O tema das mensagens a Pequim foi um só: proximidade não resulta em aliança automática, e os Estados Unidos pretendem ampliar e apertar seus laços na região

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h50 - Publicado em 28 Maio 2022, 08h42

Dando um tempo no foco exclusivo das relações externas na guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente americano Joe Biden reservou cinco dias de sua agenda para uma rápida mas significativa visita ao sul da Ásia — o pedaço do planeta mais vulnerável às pressões e tentações do gigante regional, a China. Foi uma viagem de recados a Pequim sobre um mesmo tema: proximidade não resulta em aliança automática, e os Estados Unidos, do outro lado do mundo, pretendem ampliar e apertar seus laços na região.

Com essa ideia na cabeça, Biden desembarcou em Seul falando de um assunto espinhoso — Taiwan, a ilha rebelde amparada pelo poderio americano que o governo chinês quer abocanhar de volta. Em coletiva, ouviu a pergunta: “O senhor não quis se envolver militarmente no conflito da Ucrânia. Faria isso para defender Taiwan?”. Resposta: “Sim”. O repórter insistiu: “Mesmo?”. Biden: “É o compromisso que temos”.

Sob perene ameaça de invasão, a ilha vive em suspenso há sete décadas — não é nem deixa de ser da China —, desde que, derrotado por Mao Tsé-tung, o então governo pró-Estados Unidos lá se instalou. Inaugurava-se a política de “ambiguidade estratégica”, pela qual Washington reconhece que Taiwan faz parte da China, mas é o guardião de sua democracia. O Departamento de Estado apressou-se a afirmar que Biden simplesmente reiterou posições já existentes. A visita a jato, no entanto, teve ambições que vão bem além da manutenção do regime da ilha. Ainda em Seul, Biden lançou um novo Sistema Econômico do Indo-Pacífico (Ipef, na sigla em inglês), que abrange uma extensão coalhada de ilhas nos oceanos Índico e Pacífico Central e Ocidental.

Formado por treze países, mas aberto a quem quiser aderir, o pacto promove a cooperação em questões de direitos trabalhistas, trocas comerciais, transporte e redes de suprimento — tudo em termos vagos, para não ter de passar pelo Senado americano e ser fragorosamente derrubado, como o amplo tratado econômico que Barack Obama negociou em seu tempo. “As ameaças de usar a força para deter as ambições da China deram lugar a uma estratégia de dissuasão envolvendo atores regionais”, diz Peter Harris, do instituto Defense Priorities.

De Seul, o presidente voou para o Japão, para o encontro inaugural de outra sigla novinha em folha: Quad, ou Diálogo de Segurança Quadrilateral, abrangendo Estados Unidos, Índia, Austrália e Japão. Seu objetivo, de novo, é assegurar um “Indo-Pacífico livre e aberto”. O esforço de atrair a Ásia para uma coligação anti-China tropeça em uma infinidade de rixas locais, mas é imprescindível, visto que o governo chinês também espalha as asas por lá. Desde 2015, empresas chinesas compram e constroem portos e aeródromos na área, o que, se necessário, facilitaria ações militares. Um acordo de segurança recente com as Ilhas Salomão, a 3 000 quilômetros da costa australiana, amplia o espaço marítimo e aéreo sob influência de Pequim. Durante a visita de Biden, bombardeiros nucleares chineses sobrevoaram o Japão, em resposta aos recados americanos. Mal ele foi embora, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, partiu para uma viagem de dez dias a países-ilhas das redondezas, com um pacote de bondades que inclui cooperação em cibersegurança e bolsas de estudos. A disputa vai longe.

Publicado em VEJA de 1 de junho de 2022, edição nº 2791

Publicidade

Imagem do bloco
Continua após publicidade

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Continua após publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.