Refém libertada pelo Hamas descreve cativeiro: ‘Passei pelo inferno’
Yocheved Lifshitz, de 85 anos, foi uma das quatro mulheres libertadas pelo grupo, que ainda tem 220 reféns presos
Uma refém israelense que foi libertada pelo Hamas durante a noite da última segunda-feira, 23, disse que foi espancada por militantes ao ser levada para Gaza em 7 de outubro, mas não foi mal tratada durante seu cativeiro de duas semanas no enclave palestino. Yocheved Lifshitz, de 85 anos, foi uma das quatro mulheres libertadas pelo grupo, que ainda tem 220 reféns presos.
“Passei pelo inferno”, ela afirmou em coletiva de imprensa. “Os caras me bateram no caminho, não quebraram minhas costelas, mas me machucaram muito”, disse Lifshitz.
Sentada numa cadeira de rodas, ela disse a repórteres que foi forçada a caminhar sobre solo molhado e desceu para um sistema de túneis subterrâneos que ela comparou a uma “teia de aranha”. Lá, Lifshitz foi saudada por “pessoas que nos disseram que temos que acreditar no Alcorão” e prometeram “não prejudicar” os reféns.
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Inicialmente, a idosa foi agrupada com outras 25 pessoas antes que seus captores a colocassem em um grupo menor, com outros quatro reféns, que dormiam em colchões no chão e comiam da mesma comida que os militantes.
Segundo a idosa, ela e seus companheiros de cativeiro receberam visitas de médicos, que atenderam às suas necessidades, e havia um paramédico presente que supervisionava a medicação. O tratamento acontecia de forma regular e houve um cuidado sanitário com os prisioneiros.
“Eles realmente cuidaram da questão sanitária para que não ficássemos doentes”, afirmou Lifshitz. “[Os médicos] foram muito generosos conosco, muito gentis. Cuidaram de cada detalhe. Havia muitas mulheres, elas sabem de higiene feminina e cuidam de tudo lá.”
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A idosa acrescentou que o local onde os reféns estavam detidos foi bombardeado várias vezes. Lifshitz criticou os militares israelenses por não levaram “a sério” a ameaça do Hamas e disse que a cerca na fronteira de Gaza erguida por Israel não fez nada para proteger a sua comunidade.
“A falta de consciência do Shin Bet [serviço de inteligência israelense] e das FDI [Forças de Defesa de Israel] nos prejudicou muito”, enfatizou ela. “Eles nos avisaram com três semanas de antecedência, queimaram campos, enviaram balões de fogo e as FDI não levaram isso a sério.”
O Hamas libertou Lifshitz e sua vizinha e amiga Nurit Cooper, de 79 anos, elevando para quatro o número total de prisioneiros soltos. Porém, a inteligência israelense acredita que mais de 200 pessoas ainda estejam presas em Gaza, incluindo os maridos das idosas e cidadãos estrangeiros do México, Estados Unidos, Alemanha e Tailândia.
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Para os familiares dos detidos, não há tempo a perder. Daniel Lifshitz disse que ver a liberação da avó mostrou que outros reféns precisam ser resgatados o mais rápido possível.
“Temos que ser rápidos, vendo minha avó daquele jeito”, disse ele em coletiva de imprensa. “O tempo está passando. Trazer todos os reféns de volta é evidentemente a principal missão agora para todos.”