O rei da Espanha, Felipe VI, deu aval nesta terça-feira, 3, para que o primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, tente formar um governo. Para cumprir a missão, o líder socialista precisa conquistar o apoio da extrema esquerda e de grupos separatistas catalães.
As eleições nacionais de julho deste ano criaram um cenário de instabilidade política, com a derrota do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Sánchez, que estava no poder, para o Partido Popular (PP), de centro-direita. O premiê, que desde então governa o país de forma interina, hoje não conta com assentos suficientes no Parlamento para formar uma maioria.
A crise foi agravada na semana passada, quando o líder conservador do PP, Alberto Núñez Feijóo, também não obteve a maioria necessária para conduzir o Parlamento. O episódio gerou um clima de contagem regressiva no legislativo. Caso Sánchez não obtenha apoio até 27 de novembro, a Espanha vai ter que realizar novas eleições até, no máximo, 14 de janeiro de 2024.
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Agora, a expectativa é de que Sanchez tente formar um governo minoritário, composto pela coligação de extrema esquerda liderada por Yolanda Díaz, sucessora do partido com o qual os socialistas governaram durante a última legislatura, além de grupos separatistas como o Partido Nacionalista Basco, o Reunir País Basco (EH Bildu) e o Bloco Nacionalista Galego.
A pedra no sapato do governante, neste movimento político, é costurar uma aliança crucial com o grupo separatista catalão Junts e da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). Eles exigem uma anistia para todos os envolvidos no referendo sobre a independência catalã fracassado em 2017, e o consentimento explícito de Madri para realizar mais uma votação sobre a autodeterminação dos povos da região.
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Apesar de Sanchez considerar a possibilidade de inocentar os participantes do ato separatista, o PSOE é totalmente contra a possibilidade de um novo plesbicito pela separação. Isso cria um impasse, pois o atual presidente catalão e líder do ERC, Pere Aragonès, afirmou em declarações recentes que a exigência era inegociável.
“Se Sánchez quiser ser primeiro-ministro, deve comprometer-se a realizar uma votação na Catalunha,” declarou.