Reino Unido: derrotas locais nas urnas expõem fraqueza do partido de Sunak
O Partido Conservador britânico perdeu duas eleições em antigos bastiões, ficando com dois assentos a menos no parlamento
O Partido Conservador do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, perdeu duas eleições suplementares nesta sexta-feira, 21, em locais considerados antigos bastiões da legenda. Embora tenha sobrevivido em um terceiro pleito, as derrotas expuseram o descontentamento da população com a liderança dos conservadores, que estão no poder há mais de uma década em Westminister.
Em Selby e Ainsty, no nordeste da Inglaterra, o Partido Trabalhista derrubou a maior maioria conservadora em vigor desde a Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso o partido Liberal Democrata venceu em Somerton e Frome com uma maioria de 11 mil e margem de 29 pontos percentuais.
Mesmo que os conservadores tenham vencido em Uxbridge e South Ruislip, na Grande Londres, foi por uma margem de menos de 500 votos. Todas as três eleições viram o partido de Sunak cair, em média, 21 pontos percentuais em relação ao último pleito, em 2019.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, disse que os resultados demonstram “o quão poderosa é a demanda por mudança”.
As eleições suplementares ocorrem após três renúncias de parlamentares conservadores há um mês, motivadas pela renúncia de Boris Johnson, que também foi primeiro-ministro de 2019 a 2022. Insatisfeito com uma investigação do legislativo a respeito de sua conduta na gestão da pandemia de Covid-19 – uma série de festas nas sedes do governo durante o lockdown ficou conhecida como escândalo Partygate –, ele provocou um racha no partido e levou dois aliados consigo.
Nesta sexta-feira, Sunak foi rápido em comemorar a única vitória como prova de que ainda pode ser páreo na próxima eleição nacional, que deve ocorrer até janeiro de 2025.
“A mensagem que levo é que temos que manter nosso plano e entregar resultados para os eleitores”, disse em coletiva de imprensa.
Sunak, ex-ministro das Finanças e acionista, está tentando usar a postura tecnocrática para restaurar a credibilidade da sua legenda. Além do mais recente racha, os escândalos do Partygate no ano passado forçaram Johnson a renunciar ao cargo de premiê, enquanto sua sucessora, Liz Truss, durou apenas seis semanas no cargo devido a controversas propostas de austeridade fiscal intensa.
Com inflação persistentemente alta, estagnação econômica, aumento das taxas de hipoteca e filas imensas nos serviço público de saúde, os conservadores temem perder a próxima eleição nacional, ou serem obrigados a formar uma coalizão para obter a maioria dos assentos no parlamento.
Nas pesquisas de opinião nacionais, o Partido Conservador de Sunak come poeira do Partido Trabalhista, cerca de 20 pontos atrás.