O governo britânico afirmou nesta segunda-feira, 3, que marcou data para começar a deportar imigrantes ilegais por meio de uma parceria com Ruanda – o primeiro voo parte do território britânico com destino à nação da África Oriental em 23 de julho, segundo documentos judiciais. O polêmico esquema, porém, depende da vitória do Partido Conservador do primeiro-ministro do país, Rishi Sunak, nas eleições, que foram antecipadas para 4 de julho.
Em documentos apresentados ao Supremo Tribunal de Londres como parte de uma contestação da política de deportações por uma ONG, advogados do governo disseram que a intenção era “efetuar remoções com um voo para Ruanda em 23 de julho de 2024 (e não antes)”.
Polêmica
A iniciativa de enviar imigrantes que chegam ao Reino Unido de forma ilegal, geralmente cruzando o Mediterrâneo em pequenos barcos e condições precárias, para pedir asilo é uma das políticas emblemáticas de Sunak. O número de travessias no mar que separa a África da Europa bateu recorde no ano passado, com 158 mil, 55% a mais que em 2022, e o premiê esperava reverter a impopularidade com a promessa das deportações. Segundo pesquisa recente da YouGov, ele tem um índice de avaliação negativa superior a 70%.
O projeto de lei que expulsa os chegados no Reino Unido de forma ilegal foi aprovado em janeiro. Na legislação, qualquer pessoa que chegasse ao país de maneira ilegal seria deportado para Ruanda, independente da nacionalidade.
Obstáculos em tribunais (o projeto foi considerado ilegal por duas vezes na Suprema Corte do país) e no parlamento, porém, fizeram com que a medida nunca saísse do papel.
Desafios
Sunak disse recentemente que os voos de deportação não começariam antes das eleições de 4 de julho. Contudo, prometeu que, se vencer o pleito, eles começariam logo em seguida.
Vai ser difícil. De acordo com o portal de notícias Politico, que faz uma média de pesquisas de opinião de confiança no Reino Unido, o Partido Trabalhista, da oposição, aparece com 44% das intenções de voto, contra 23% do Partido Conservador. Uma série de eleições locais neste ano e em 2023 também viram políticos conservadores serem rechaçados, em prol dos trabalhistas, que já prometeram acabar com o plano das deportações.