Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, que representa o poder Executivo da União Europeia (UE), afirmou nesta quinta-feira, 26, que o Reino Unido será “sempre bem-vindo a retornar” ao bloco, apesar do Brexit. O Parlamento britânico aprovou recentemente o acordo de saída da UE e o país deve entrar em um período de transição a partir do final de janeiro.
“Eu me senti profundamente magoado quando vocês [britânicos] decidiram sair [da União Europeia]”, escreveu Timmermans em carta que foi publicada no site do jornal inglês The Guardian. “Eu encontro consolo na ideia de que laços de família nunca podem ser realmente rompidos. Nós não estamos indo embora e vocês sempre serão bem vindos a retornar”, concluiu.
Nascido em Maastricht, na Holanda, Timmermans afirma que sua motivação para desabafar se deve a um “prazeroso livro de cartas de amor à Europa” que ele recentemente leu. O político, contudo, não especificou de qual livro se trata.
O holandês rememora o tempo em que, aos 12 anos de idade, no início da década de 70, estudou em uma escola britânica, a Saint George’s British International School. “Eu estava em uma de suas escolas. Não em sua terra, mas na Itália”, disse. A escola citada por Timmermans fica na capital italiana, Roma.
“O Reino Unido esteve sempre lá, como uma parte de mim”, concluiu ao recapitular outros momentos de sua vida pessoal e profissional, da adolescência à vida adulta. Mas Timmermans teme pelo futuro, pois “muitos danos desnecessários foram causados a vocês e a todos nós [durante o processo do Brexit]. E temo que mais se seguirão”
Timmermans também defende a importância da União Europeia e denuncia a ascensão de movimentos que criticam a cooperação internacional e a globalização, como o nacionalismo e o populismo: “Nos melhores momentos, [nossas] diferenças nos tornam mais criativos, produtivos, pacíficos e prósperos. Nos piores, são manipuladas para instigar medo, propagar superioridade”.
O Parlamento britânico aprovou a proposta para o Brexit do primeiro-ministro Boris Johnson no dia 20 de dezembro, cerca de uma semana após a vitória do partido Conservador de Johnson nas eleições gerais.
O plano — que já contava com o aval da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, outro órgão da União Europeia — ainda precisa passar pelo Parlamento Europeu, o poder Legislativo do bloco. Se o Parlamento vetá-lo, que é visto como algo improvável, as negociações teriam que ser retomadas ou o Reino Unido sairia sem acordo.
Segundo a proposta de Johnson, os britânicos saem oficialmente do bloco no dia 31 de janeiro. A partir de então, se inicia um período de transição no qual o país se mantém sob o mercado comum europeu, dentre outras regras, mas sem o direito a uma representação política nas decisões da união. Johnson prevê que a transição se encerre antes do final de 2020.