No dia 29 de março de 2019, às 23h do horário local, o Reino Unido deixará de fazer parte da União Europeia (UE). O anúncio da data do Brexit foi feito pela primeira-ministra britânica Theresa May, que publicou um artigo nesta sexta-feira no jornal Telegraph no qual escreve sobre a “determinação” do seu governo de completar o processo provocado pelo resultado do referendo de junho de 2016, quando a maioria dos cidadãos britânicos votou para deixar o bloco.
“Que ninguém tenha dúvida da nossa determinação ou questione o nosso propósito de que o Brexit está ocorrendo”, disse May sobre o projeto de lei da saída da UE, que será debatido na próxima semana no Parlamento. As pessoas, segundo a primeira-ministra, “esperam que os políticos se unam” para negociar um bom acordo com os vizinhos europeus, mas ela advertiu que, apesar de estar disposta a escutar propostas de parlamentares para lapidar o programa, não vai admitir sua interrupção.
“Não vamos tolerar tentativas de qualquer lado para utilizar o processo de emendas a este projeto de lei como mecanismo para bloquear a vontade democrática do povo britânico ao tentar desacelerar ou deter nossa saída da UE”, afirmou a premiê. O projeto, de acordo com May, é “fundamental” para que um Brexit ordenado seja efetivado.
Pequenos progressos
As negociações entre Londres e Bruxelas estão em sua sexta rodada, sem que tenha ocorrido progressos significativos nos termos de ruptura. O chefe das negociações da União Europeia, Michel Barnier, disse nesta sexta-feira que as conversas sobre os direitos dos cidadãos britânicos e europeus vivendo fora de seus países “estão progredindo”. A evolução nas negociações sobre os pagamentos necessários para o bloco e a questão das fronteiras entre as Irlandas é necessário para que o futuro do relacionamento entre a UE e o Reino Unido seja discutido a partir de dezembro, alertou Barnier.
John Kerr, embaixador britânico na UE entre 1990 e 1995 que esteve envolvido na redação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que estabelece as diretrizes da saída de membros do bloco, fez críticas pesadas à posição de May. De acordo com o ex-oficial, a primeira-ministra deveria “parar de enganar os eleitores” e admitir que o Brexit pode ser evitado se o país decidir unilateralmente desistir das conversas de separação. “Enquanto as conversas do divórcio prosseguem, as partes ainda estão casadas. A reconciliação ainda é possível”, disse, em discurso feito em Londres nesta quarta-feira.
(Com EFE e Reuters)