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Relações delicadas: o novo jogo entre Coreia do Norte e EUA

Relações bilaterais entre alguns dos principais atores globais é influenciada pelo nível de tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte

Por Carolina Marins Atualizado em 30 jul 2020, 20h25 - Publicado em 9 mar 2018, 19h40

Na última quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou em se encontrar com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, acendendo a esperança do fim das tensões entre os dois países. As relações entre as duas nações são conturbadas desde a Guerra das Coreias, na década de 1950, piorando durante a Guerra Fria. Porém, em 2017, o acirramento gerou temores reais de uma possível guerra.

Por esse motivo, diversos países elogiaram a iniciativa de diálogo e veem com expectativa o fim de um conflito que traria consequências para o mundo todo.

Segundo o especialista em Ásia e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da USP, Alexandre Uehara, diante da agressividade americana no Iraque e na Síria, Kim Jong-un viu uma enorme necessidade de se proteger contra os Estados Unidos.

“Esse temor fez com que Kim Jong-un buscasse garantir alguma segurança e como a Coreia do Norte não resistiria a um conflito com armas convencionais, o caminho que ele encontrou foi desenvolver os artefatos nucleares”.

Ao iniciar testes com mísseis e armas nucleares, a Coreia do Norte causou temor nos vizinhos Coreia do Sul e Japão, provocando um dilema de segurança na região. Para se protegerem, os vizinhos pediram auxílio americano na forma de tropas e sistemas antimísseis, gerando ainda mais insegurança na Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-un fez uma série de ameaças de retaliação aos Estados Unidos, respondidas no mesmo tom por Donald Trump.

Os Estados Unidos impuseram diversas sanções que proíbem o comércio com o país, enquanto China e Rússia tentaram enfraquecer as medidas — o temor de um colapso norte-coreano e o grande número de refugiados que isso provocaria preocupa a China, enquanto uma eventual guerra global encostada na fronteira chinesa e próximo ao leste russo é desinteressante para todos.

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RELAÇÃO: RUIM

Relações delicadas: o novo jogo entre Coreia do Norte e EUA

Os ressentimentos norte-coreanos pela invasão japonesa que só terminou ao fim da 2ª Guerra Mundial ainda são um grande peso nas relações bilaterais. O Japão não admite a possibilidade de uma Coreia do Norte nuclearizada e comandada por um regime volátil e tão próxima ao Japão. Além disso, 17 cidadãos japoneses sequestrados pela Coreia do Norte nos anos 80 e 90 nunca foram retornados, abrindo mais uma frente de atrito entre os dois países.

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As relações extremamente tensas entre os dois países são primordialmente resultado da corrida armamentista da Coreia do Norte. Os norte-coreanos sentem-se ameaçados pela presença americana na Coreia do Sul e no Japão, enquanto os americanos pretendem impedir que o regime de Kim Jong-un desestabilize ou ataque seus interesses e parceiros no extremo oriente. A retórica desmedida de Trump encontrou um par na verborragia insana de Kim Jong-un e tornaram a possibilidade de uma guerra bastante real ao longo de 2017. A intermediação da Coreia do Sul parece ter esfriado os ânimos e o anúncio, em 8/3, de que Trump e Kim Jong-un se encontrarão em maio pode ser o prenúncio de uma nova fase nas relações bilaterais.

RELAÇÃO: ATRITO

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Relações bastante conturbadas. Por quase 10 anos após a Guerra Fria houve uma tentativa de aproximação entre os dois países. Com a ascenção de Putin e as aspirações de poder internacional crescente tem colocado a Rússia em choque com os EUA. A Crimeia, Síria, o asilo a Edward Snowden e as suspeitas de intromissão nas eleições dos EUA em 2016 intensificaram o clima de hostilidade.

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EUA e China possuem uma relação de desconfiança mútua. Apesar do enorme volume comercial entre as nações, Trump vê os métodos de produção da China e seu superávit comercial como “injustos”. Os EUA também possuem questões com a China em temas como direitos humanos e liberdade de expressão. Além disso, por conta da influência chinesa na Coreia do Norte, os EUA pressionam a China a atuar mais fortemente na dissuasão da busca por armas nucleares pelo regime de Kim Jong-un. A hegemonia regional exercida pela China frequentemente entra em choque com as aspirações dos EUA e aliados locais na Ásia.

RELAÇÃO: COMPLICADA

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Os países possuem fortes intercâmbios culturais e ótimas relações militares, incluindo o compartilhamento de inteligência militar para a proteção contra a Coreia do Norte. No entanto, frequentemente os ressentimentos gerados pela invasão japonesa da península coreana durante a 2ª Guerra Mundial ainda afeta a parceria.

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A China é a maior parceira comercial da Coreia do Norte, sendo responsável por 90% do volume de negócios dos norte-coreanos. Para os chineses, a prioridade é garantir que não haja um colapso da Coreia do Norte devido a aplicação de sanções da ONU, causando um fluxo de refugiados rumo a China. Outra preocupação é evitar um conflito de larga escala na península coreana com envolvimento dos EUA e Japão, que invariavelmente acabaria por afetar ou envolver a China.

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China e Japão poussuem uma relação ambígua. Os dois mantêm ótimas parcerias comerciais, mas mantêm um clima de desconfiança. Os japoneses veem com cautela a expansão da hegemonia regional e financeira da China. Já os chineses, ressentem a invasão sofrida durante a 2ª Guerra Mundial por tropas nipônicas e desconfiam da estreita relação entre japoneses e americanos.

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Disputas territoriais, por zonas marítimas de pesca e pela soberania das Ilhas Curilas, que já foram território japonês, tornam a relação complicada. O Japão vê na Rússia um importante parceiro em questão de segurança regional e na intermediação de tensões com a Coreia do Norte e a China.

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As duas Coreias já estiveram diversas vezes próximas a um conflito. A retórica belicosa ocorre desde a Guerra das Coreias. No entanto, a ciência de que ambos lados da fronteira são habitados pelo mesmo povo torna a reaproximação entre os dois lados um objetivo constante. Os diálogos recentes entre a delegação sul-corena e o líder Kim Jong-un sugerem um possível novo capítulo nas relações.

Desdobramentos

O anúncio, por parte da delegação sul-coreana, de que Kim Jong-un convidou Trump para um diálogo e a resposta positiva do presidente americano gera grandes expectativas de um apaziguamento na região.

Para Uehara, incluir a Coreia do Norte nas negociações e no comércio internacional pode surtir mais efeito do que aplicação de sanções.

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“Ao invés de caminhar para soluções conflituosas, a comunidade internacional poderia buscar uma política de engajamento com a Coreia do Norte, para que as relações dela com o mundo ficassem mais intensas e, dessa forma, tornasse um ataque por parte do Kim Jong-un custoso para ele próprio”, explica.

RELAÇÃO: BOA

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Após anos de relações hostis, as relações entre China e Coreia do Sul melhoraram muito desde 1992. A China é atualmente a maior parceira comercial da Coreia do Sul. Um dos pontos de contenda na relação, no entanto, é a presença de tropas americanas em território sul-coreano, motivo de desconfiança para a China

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China e Rússia possuem ambições regionais e comerciais que não se sobrepõem a ponto de criar atritos sérios atualmente. Ambas cooperam estreitamente no setor energético e comercial a ponto de não utilizarem o dólar em transações mútuas. Além disso, o fato de precisarem exercer um contraponto regional aos EUA para proteger seus interesses na Ásia e no Oriente-Médio estreita ainda mais a relação entre os dois países.

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A relação entre os dois países é pouco pujante, mas nos últimos anos, a Rússia tem substituido a China em termos comerciais. Com as relações entre China e Coreia do Norte fragilizadas, a Rússia tem atuado para auxiliar a Coreia do Norte a sobreviver as sanções internacionais.

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As relações entre ambos melhoraram expressivamente desde as Olimpíadas de Seul em 1988. A Rússia é um importante canal de escoamento das exportações sul-coreanas para a Europa e ambas nações trabalham atualmente pela construção conjunta de um complexo industrial binacional.

Relações delicadas: o novo jogo entre Coreia do Norte e EUA

Inimigos durante a 2ª Guerra Mundial, os EUA foram um dos principais apoiadores da reconstrução japonesa no pó-guerra. O trauma tornou o Japão um grande proponente da paz internacional e as aspirações políticas e comerciais para o Pacífico fazem os interesses de ambos países serem convergentes. Os EUA são também o maior parceiro comercial do Japão, que hospeda um grande contingente de tropas americanas. China e Coreia do Norte são também preocupações compartilhadas por americanos e japoneses.

Relações delicadas: o novo jogo entre Coreia do Norte e EUA

Os dois possuem importantes relações comerciais e, principalmente, de segurança. Para proteger a Coreia do Sul de um possível ataque do norte, os Estados Unidos possuem bases no país e todos os anos realiza um treinamento conjunto com os sul-coreanos. Em 2017, os Estados Unidos instalaram um sistema antimíssil na Coreia do Sul que gerou críticas da China e da Coreia do Norte. A Coreia do Sul é em grande medida a responsável pela atual tentativa de entendimento entre norte-coreanos e americanos.

Arte: André Fuentes

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