Um porta-voz do Kremlin afirmou nesta quinta-feira, 27, que a rejeição dos Estados Unidos às exigências russas na crise com a Ucrânia deixa pouco espaço para otimismo, embora tenha acrescentado que um diálogo ainda é possível.
“Não há muitos motivos para otimismo”, afirmou Dmitri Peskov a repórteres. “Todos esses papéis estão com o presidente. Claro que será necessário algum tempo para analisá-los, não vamos nos apressar para tirar conclusões”, acrescentou.
Segundo o porta-voz, Vladimir Putin analisará as respostas escritas apresentadas pelo governo americano e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, antes de decidir os próximos passos.
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, destacou que a resposta americana possui alguns elementos que podem levar ao “início de uma conversa séria sobre assuntos secundários”, mas enfatizou que “o documento não contém respostas positivas sobre a principal questão”.
O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma adesão terá consequências graves. A Otan, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados da Otan e pela Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira com a Ucrânia para preparar um ataque.
Os Estados Unidos ameaçam a Rússia, prometendo uma “forte resposta” caso o exército russo invada a Ucrânia. Moscou, do outro lado, negou planos de invadir o país vizinho, mas há intensa movimentação militar na região.
Respostas
Na quarta-feira, os EUA e a Otan enviaram a Moscou uma série de respostas sobre a situação na Ucrânia, resultado de um reiterado pedido russo. Desde o ano passado, Moscou exigia que americanos e europeus entregassem por escrito respostas às suas demanda, entre elas a promessa de que a Ucrânia jamais fará parte da aliança militar.
O anúncio do documento foi feito pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, que, no entanto, ainda não divulgou o conteúdo do documento.
Segundo Blinken, a resposta americana “define um caminho diplomático sério, caso a Rússia o escolha”. O secretário disse ainda que espera ter uma nova rodada de conversas com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nos próximos dias.
“O documento inclui preocupações dos Estados Unidos e nossos aliados sobre as ações da Rússia que prejudicam a segurança, uma avaliação pragmática e baseada em princípios das preocupações que a Rússia levantou e nossas propostas para áreas onde podemos ser capazes de encontrar um terreno comum”, disse.
Ainda não está claro se o novo canal diplomático mudará o curso das negociações entre a Rússia e o Ocidente.
Os Estados Unidos vêm repetindo que a exigência central do presidente russo, Vladimir Putin, de que a Ucrânia jamais seja admitida na aliança militar é absurda.
Embora Blinken tenha se recusado a detalhar os detalhes apresentados a Moscou, ele disse que a resposta americana reitera a “política de portas abertas da Otan”, rejeitando as exigências do Kremlin.