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Restos mortais de político fascista serão retirados de cemitério espanhol

Ação segue nova lei que proíbe glorificação de agentes da ditadura de Francisco Franco; memorial será destinado a vítimas da guerra civil espanhola

Por Da Redação 11 out 2022, 12h16

A Espanha aprovou uma nova legislação destinada a trazer “justiça, reparação e dignidade” às vítimas da guerra civil da ditadura de Francisco Franco, instaurada no início da década de 40. A medida, sancionada na semana passada, inclui a retirada de restos mortais de agentes do regime autoritário do complexo monumental do Vale dos Caídos, em Madri, para evitar reuniões de partidários do fascismo no local.

Na segunda-feira, 10, a família de José Antonio Primo de Rivera, fundador do partido fascista Falange da Espanha, anunciou que irá exumar o corpo do político e transferir seus restos mortais para outra localidade.

De acordo com o jornal espanhol ABC, parentes do político falecido decidiram realizar o procedimento por conta própria, dispensando a intervenção do Estado prevista na nova lei.

“O processo de exumação deve e continuará sendo um assunto estritamente privado da família, para que não se torne um espetáculo público que possa levar a confrontos entre espanhóis”, afirmou a família.

O governo espanhol agradeceu à família Primo de Rivera pela disposição em cumprir a lei da memória democrática.

O político espanhol, admirador de Adolf Hitler e Benito Mussolini, foi executado pelas forças republicanas durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Primo de Rivera foi enterrado na basílica do Vale dos Caídos, erguido pelo ditador Francisco Franco em memória dos militares mortos no conflito.

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Os restos mortais do ex-chefe de Estado também foram removidos do monumento funerário há três anos, por ordem do atual presidente do país, Pedro Sánchez. Na ocasião, o líder espanhol definiu a permanência do corpo de Franco no cemitério público como um “insulto moral que constitui a glorificação pública de um ditador”.

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A nova legislação propõe que o memorial franquista, considerado a maior vala comum da Espanha, seja transformando em um cemitério civil destinado a homenagear as vítimas da guerra civil e do regime autoritário. Atualmente, estão enterrados no local  os corpos de cerca de 34.000 pessoas de ambos os lados da guerra civil.

Além disso, a medida também criará um censo e um banco nacional de DNA para ajudar a localizar e identificar os restos mortais das dezenas de milhares de pessoas que ainda estão em covas anônimas e proibir grupos que glorificam o regime de Franco.

Na semana passada, Félix Bolaños, o ministro responsável pela pasta de Memória Democrática, disse que a regra era muito clara em eliminar “lugares de destaque para pessoas que estiveram envolvidas na ditadura ou no golpe de Estado”.

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Segundo o governo de Sánchez, a legislação ajudará a “incentivar uma discussão compartilhada baseada na defesa da paz, no pluralismo e na ampliação dos direitos humanos e das liberdades constitucionais”.

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A lei, no entanto, não foi bem recebida pela direita espanhola. Um senador do conservador Partido Popular acusou o governo de tentar “reescrever a história”, enquanto o partido de extrema-direita Vox o descreveu como um “ataque desprezível e miserável” à história recente da Espanha.

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