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Resultado das eleições no Reino Unido compromete Theresa May

Sem maioria absoluta no Parlamento, primeira-ministra perde força e terá de formar um governo de coalização

Por Verônica Sesti, de Londres
Atualizado em 4 jun 2024, 21h49 - Publicado em 9 jun 2017, 12h52

Após uma madrugada de surpresas, os resultados destas eleições chocaram o Reino Unido. Contra a previsão da maioria das pesquisas de intenção de voto, o país acordou esta manhã com um parlamento dividido, sem nenhuma legenda eleita com uma maioria absoluta de 326 assentos na Câmara dos Comuns.

A estratégia da primeira-ministra, Theresa May, de reafirmar seu governo com a antecipação das eleições gerais, falhou indiscutivelmente. A conservadora esperava uma vitória esmagadora sobre os trabalhistas com a eleição de uma bancada forte que sustentasse suas posições e ambições nas negociações do Brexit, vê-se agora com menor apoio em Westminster. Apesar de ter eleito 318 membros parlamentares (MPs), o Partido Conservador sob liderança da premiê perdeu 12 assentos de seu governo prévio e não alcançou a maioria absoluta. O futuro da estadista agora é incerto. May terá a opção de prosseguir na liderança da Inglaterra, porém, com uma oposição muito mais fortalecida e pouco suporte para avançar com seus planos de governo.

“Theresa May tem agora de recorrer a coalizões”, explica o cientista político britânico Adrian Pabst, professor da Universidade de Kent.  “O único partido com quem potencialmente poderá fazer alianças é o Partido Unionista Democrático (DUP). Contudo, não será fácil. A legenda irlandesa, apesar de também tender à direita e apoiar o Brexit, tem prioridades bastante distantes dos Tories” completa.

Com um governo de coalizão, May terá o dobro do trabalho para aprovar qualquer de suas medidas políticas. A primeira-ministra terá que contar com o apoio de cada um de seus parlamentares conservadores e também de seus aliados. Em um partido que historicamente costuma punir candidatos após performances ruins em pleitos, o cargo de May não está a salvo.

 “Eu não vejo esse governo indo muito adiante. Se May não renunciar, ela permanecerá no cargo sem eficácia nenhuma. Não há como um governo suceder com uma maioria tão pequena. Acho que até o final do ano teremos novas eleições, e duvido muito que do May continue na liderança dos conservadores até lá,” disse Pabst. “May escolheu fazer essas eleições sem nenhuma verdadeira necessidade. Ela já tinha uma maioria absoluta garantida no Parlamento e quis alcançar uma maioria ainda maior. Foi escolha dela adiantar as eleições e os conservadores devem estar furiosos. Eu acho que já esta nos planos do partido escolher uma nova liderança”.

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O grande vencedor da noite foi o trabalhista Jeremy Corby, que no inicio da campanha via-se com metade do apoio da primeira-ministra nas pesquisas de intenção de voto. De acordo com dados do instituto de pesquisas YouGov do mês de abril, com 24% das intenções de voto, os trabalhistas seriam sufocados pelos conservadores, que tinham 48%. Contra todas as apostas, em 25 dias o Partido Trabalhista conseguiu virar o jogo. Corbyn deslocou seu partido a esquerda, com propostas populistas, como maior investimento para o sistema de saúde pública e aumento do salário mínimo. Em sua campanha, apostou no voto dos jovens e em medidas que os atraíssem, como a educação gratuita nas universidades. Por fim, os trabalhistas ganharam 29 assentos nestas eleições, elegendo um total de 261 membros do Parlamento.

Ao contrario de May, Corbyn apostou na mudança,” disse o cientista politico sobre a grande conquista dos trabalhistas “após 7 anos de governo conservador, o Reino Unido está ficando cansado das mesmas propostas, dos cortes nos gastos públicos. Corbyn se fundamentou em políticas populares e focou em questões além do Brexit. Caso tenhamos outro pleito até o final do ano, não me surpreenderá que ele ganhe. Ele só precisa dedicar-se um pouco mais aos moderados, não somente a esquerda, como fez nesta campanha”.

Legendas menores como os Liberais Democratas e o DUP também avançaram alguns assentos, elegendo respectivamente 12 e 10 parlamentares. A UKip não conseguiu nomear nenhum de seus candidatos, enquanto o Partido Nacional Escocês, por sua vez, perdeu bastante espaço,  e ficou somente com 35 assentos – 21 a menos do que as ultimas eleições.

A participação neste pleito foi o maior desde 1992. No país onde o voto não é obrigatório, estima-se que 68,7% dos eleitores compareceram as urnas.

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