Resultados parciais apontam que não há um vencedor claro nas eleições gerais de Israel, organizadas nesta terça-feira 23. Com cerca de 90% das urnas apuradas, o bloco político do atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, deve terminar a votação a poucos votos de conquistar a maioria no Parlamento, dando início a um novo período de negociações e impasse.
O Likud, partido de Bibi, foi o mais votado e deve conquistar 30 assentos no Parlamento. Ao lado de suas demais legendas aliadas, o bloco do premiê deve totalizar 60 deputados no Knesset. Mas para formar maioria e se tornar primeiro-ministro, Netanyahu necessitaria de 61 lugares.
O principal partido de oposição nestas eleições, o centrista Yesh Atid, deve chegar a 18 assentos no Parlamento segundo as projeções. Por isso, teria de conseguir uma ampla coalizão entre opositores do atual governo e contar inclusive com apoio de grupos mais à direita para formar sua própria coalizão e derrubar Netanyahu.
Esta foi a quarta eleição em Israel em menos de dois anos. A votação foi marcada depois que o governo anterior, formado por uma frágil aliança entre o Likud e o partido de centro-direita Azul e Branco, se rompeu em dezembro. Antes disso, outras duas eleições já haviam sido inconclusivas e levado a impasses políticos.
“Da forma como está agora, não está claro se quatro turnos eleitorais foram suficientes para resolver a crise política mais longa da história de Israel, com o país permanecendo tão dividido quanto esteve nos últimos dois anos”, diz Yohanan Plesner, analista político e presidente do Instituto de Democracia de Israel. “Uma quinta eleição continua sendo uma opção muito real”.
Noite de surpresas
Assim que as urnas fecharam nesta terça, a primeira boca de urna apontou para uma vitória do bloco de direita de Netanyahu. Mas em quatro horas, quando os resultados preliminares começaram a chegar, todos os canais de televisão israelenses revisaram suas previsões em desfavor do líder israelense.
Dirigindo-se a apoiadores do Likud em Jerusalém durante a madrugada, Netanyahu foi desafiador, dizendo que faria tudo ao seu alcance para construir um governo de direita estável e evitar que o país fosse arrastado para a quinta eleição. “Não excluo ninguém no Knesset que acredite nesses princípios”, disse ele, em um apelo claro a Gideon Saar – que deixou o Likud no final do ano passado para lançar seu próprio partido Nova Esperança em oposição a Netanyahu – volte a se aliar a ele.
Oposição diversa
Diante dos resultados atuais, já se especula a possibilidade de um bloco opositor se unir para formar um governo sem Netanyahu. Porém, não será uma tarefa fácil construir uma coalizão viável com partidos de todo o espectro politico, da direita para a esquerda, que se opõe atualmente ao premiê.
Na história da política israelense nenhum partido árabe jamais esteve no governo, por isso é difícil imaginar que tal coalizão seja facilmente formada.
Mesmo assim, o líder do Yesh Atid, Yair Lapid, prometeu trabalhar com outros líderes partidários nas próximas semanas. “Vamos esperar os resultados finais, mas do jeito que está não haverá um governo baseado nos votos dos racistas e homofóbicos. Comecei a falar com os líderes do partido. Mas faremos de tudo para criar um governo em Israel “, disse ele.