Autoridades da Ucrânia acusaram a Rússia de estar aumentando o uso de drones “kamikaze” contra posições de artilharia ucranianas no sul do país. O porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yuriy Ihnat, que o Irã pode ter fornecido “várias centenas” de armas do tipo para Moscou.
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Na terça-feira, 27, as Forças Armadas ucranianas disseram ter derrubado com sucesso mais três drones iranianos que atacaram a região de Mykolaiv, próxima ao Mar Negro.
Capazes de permanecer no ar por várias horas e circular sobre alvos em potencial, os dispositivos são controlados remotamente e projetados para serem lançados contra tropas, armas ou edifícios inimigos, explodindo no impacto – explicando sua descrição como drones “kamikaze”.
A guerra de drones se tornou uma das características definidoras do conflito, com esforços para adquirir e implantar este tipo de artilharia intensificados por ambos os lados nos últimos meses.
Os relatos sugerem que os drones “kamikaze” usados nas últimas semanas foram lançados de áreas atualmente controladas por forças russas, incluindo a península da Crimeia e a cidade portuária de Kherson.
Também foram identificados veículos do tipo Shahed-136, fabricados no Irã, no ataque às regiões de Odessa e Dnipro, principais centros industriais do país. De acordo com fontes militares ucranianas, citadas pelo jornal britânico The Guardian, alguns dos drones foram repintados com cores russas.
No fim de semana, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o suposto fornecimento dos veículos aéreos pelo Irã como “uma colaboração com o mal”.
“Hoje o Exército russo usou drones iranianos para seus ataques. O mundo saberá sobre todos os casos de colaboração com o mal e terá consequências correspondentes”, disse Zelensky.
A alegação foi negada por Teerã, que disse ser neutro no conflito, apesar das evidências crescentes de seu papel no fornecimento de armas.
A questão foi sinalizada pela primeira vez em agosto, quando Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, alegou que autoridades de defesa russas estavam comprando drones no Irã.
No início deste mês, Washington emitiu sanções contra uma companhia aérea iraniana que supostamente estaria envolvida no acordo com Moscou. O Ministério da Defesa da Grã-Bretanha também observou o uso russo da tecnologia iraniana na guerra na Ucrânia em meados de setembro.
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Embora muita atenção tenha se concentrado no uso altamente bem-sucedido dos veículos aéreos por Kiev – principalmente no emprego do modelo Bayraktar TB2s fornecido pela Turquia – a Rússia começou a depender mais de drones do que de mísseis.
A preocupação com as novas táticas de drones “kamikaze” da Rússia – e como combatê-las – ocorre em meio a relatos de que a Ucrânia também assinou um contrato para um sistema semelhante, o Switchblade 600, fabricado nos EUA.
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Com uma ogiva poderosa, que já foi comparada à força de um míssil antitanque Javelin, a munição é capaz de destruir tanques e outros veículos blindados.
Rumores de que a Ucrânia estaria buscando a inteligência de Israel para combater drones iranianos foram levantados após uma visita a Kiev da vice-diretora israelense para a Euro-Ásia, Simona Halperin, no início do mês.