O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira, 14, que a Rússia não descarta ocupar as principais cidades ucranianas, contrariando falas anteriores de que o país não tinha interesse em derrubar o governo e permanecer em território vizinho.
“O Ministério da Defesa, enquanto garante o máximo de segurança para a população civil, não exclui a possibilidade de tomar os centros populacionais principais sob total controle”, disse Peskov a repórteres.
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Em paralelo à fala do porta-voz, o chefe da guarda nacional russa e um dos aliados mais próximos do presidente Vladimir Putin, Viktor Zolotov, afirmou no domingo que a operação militar na Ucrânia não foi tão rápida quanto o esperado. Esta é a primeira vez que a Rússia afirma publicamente que o andamento da guerra, que na terça-feira completa vinte dias, não está caminhando conforme o desejado.
Segundo Zolotov, o motivo principal da demora é o fato de que forças de extrema direita estão se escondendo atrás de civis, fala amplamente repetida por outras autoridades russas.
De acordo com balanço da Organização das Nações Unidas, ao menos 579 civis já morreram desde 24 de fevereiro e outros 1.002 ficaram feridos.
“Gostaria de dizer que sim, nem tudo está indo tão rápido quanto gostaríamos. Mas estamos indo em direção ao nosso objetivo passo a passo, e a vitória será nossa”, disse em comentários publicados no site da Guarda Nacional.
Representantes russos e ucranianos começaram nesta segunda uma nova rodada de negociações, em meio ao constante bombardeio ao porto de Mariupol, no sul da Ucrânia, e avanços significativos à capital, Kiev.
De acordo com informações da agência de notícias Reuters, um edifício residencial sofreu um ataque em Kiev na manhã desta segunda, deixando ao menos um morto e doze feridos. As equipes de resgate afirmaram que o prédio fica na zona norte da capital ucraniana, e que um incêndio foi controlado pelos bombeiros depois de um disparo de artilharia durante a madrugada.
O governo local também afirmou que houve bombardeios contra a fábrica de aviões Antonov, onde duas pessoas morreram, segundo as autoridades ucranianas.
O fim de semana foi marcado por alarmes de ataque aéreo e, posteriormente, de bombardeio em Kiev e cidades como Cherkasy, Kharkiv, Lviv e Sumy. Na sexta-feira, as forças russas ampliaram seus ataques ao território ucraniano, atingindo aeroportos no oeste do país e um importante centro industrial no leste.