Rússia e Ucrânia concordam com cessar-fogo no Mar Negro, dizem EUA
Documento afirma que países também concordaram em 'desenvolver medidas' para implementar acordo sobre ataques a infraestruturas de energia

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira, 25, acordos separados com a Ucrânia e a Rússia para garantir navegação segura no Mar Negro e implementar uma proibição de ataques dos dois países às instalações de energia um do outro. Os acordos, se implementados, representariam o progresso mais claro até agora em direção a um cessar-fogo mais amplo à guerra que já dura três anos.
Segundo resumo publicado pela Casa Branca, o acordo para cessar-fogo no mar seria feito “para garantir a navegação segura, eliminar o uso de força e prevenir o uso de navios comerciais para fins militares no Mar Negro”.
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O documento afirma ainda que Rússia e Ucrânia concordaram em “desenvolver medidas para implementar” o acordo anterior para interromper os ataques contra a infraestrutura de energia. Os dois países também “continuarão trabalhando para alcançar uma paz durável e duradoura”.
A Rússia, no entanto, disse que não podia confiar no presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky , e só poderia assinar um acordo do Mar Negro se Washington emitisse uma “ordem” para ele respeitá-lo.
“Precisaremos de garantias claras. E dada a triste experiência de acordos apenas com Kiev, as garantias só podem ser o resultado de uma ordem de Washington para Zelensky e sua equipe fazerem uma coisa e não a outra”, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em comentários televisionados.
O ministro da Defesa da Ucrânia disse que Kiev concordou tanto com um cessar-fogo marítimo quanto com uma pausa na ofensiva da Rússia e da Ucrânia contra a infraestrutura energética uma da outra.
Buscando cumprir a promessa do presidente Donald Trump de acabar com a guerra rapidamente, os EUA propuseram originalmente um cessar-fogo de 30 dias — com o qual a Ucrânia concordou em princípio em 11 de março — como um passo em direção às negociações de paz. Depois de uma resposta de Putin, os americanos mantiveram conversas separadas na Arábia Saudita com representantes russos e ucranianos nesta semana.
Reunião em Riad
Um dia após o encontro entre russos e americanos, autoridades de Washington e Kiev se reuniram nesta terça-feira em Riad, capital da Arábia Saudita, para tratar sobre as negociações para o fim da guerra no Leste Europeu. Na véspera, as discussões já haviam avançado em torno do cessar-fogo limitado ao Mar Negro, mas sem estabelecer uma proposta mais ampla.
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Trata-se de um novo capítulo das tentativas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de colocar um ponto final definitivo no conflito, iniciado há mais de três anos. Na corrida eleitoral, ele prometeu encerrar a guerra na Ucrânia “em 24 horas” caso retornasse à Casa Branca. Uma fonte do governo americano disse à agência de notícias Reuters que as tratativas em Riad terminariam em “anúncio positivo”, que deverá ser divulgado “em um futuro próximo”.
Na véspera, a Casa Branca afirmou que o objetivo das conversas é chegar a um consenso para permitir o livre fluxo de transporte no Mar Negro, embora a área não tenha sido o local de operações militares intensas nos últimos meses. “Isso é principalmente sobre a segurança da navegação”, disse Peskov, observando que um acordo anterior sobre transporte marítimo, negociado em 2022, não conseguiu entregar o que havia prometido a Moscou.
Trump, que vem intensificando os esforços para encerrar a guerra na Ucrânia (por meios dos quais aliados tradicionais na Europa desconfiam), expressou ampla satisfação com o andamento das negociações e elogiou o envolvimento do homólogo russo, Vladimir Putin, no processo até agora. No sábado 22, ele afirmou que o conflito estava “um tanto sob controle”. Ainda assim, há ceticismo entre as principais potências europeias, que não acreditam que Moscou fará concessões significativas.
Após um telefonema com Trump na semana passada, Putin disse que está pronto para discutir a paz, mas reiterou suas condições maximalistas: que a Ucrânia deve abandonar o projeto de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e retirar seu exército de todas as quatro regiões ucranianas reivindicadas pela Rússia. Além disso, atrelou o fim da guerra à suspensão da assistência militar de países ocidentais a Kiev.