A Justiça da Rússia impôs ao Google nesta quinta-feira, 31, uma multa de US$ 20 decilhões (um número de 33 dígitos) por remover canais da mídia estatal russa do YouTube. O valor é muito mais alto do que o PIB global, estimado pelo Fundo Monetário Internacional em US$ 110 trilhões (cerca de 635 trilhões de reais).
De acordo com o meio de comunicação russo RBC, a multa equivale ao total exigido por 17 canais de televisão e outros meios de comunicação russos que tiveram suas produções bloqueadas no YouTube, que foi adquirido pela Google em 2006.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que “não consegue nem pronunciar esse número”, mas instou a “gerência do Google a prestar atenção” na situação, de acordo com a agência de notícias estatal Tass. Segundo a reportagem, a multa alcançou um montante tão exorbitante porque seu valor dobra a cada dia que não é paga.
A empresa-mãe do Google, a Alphabet, possui uma capitalização de mercado de pouco mais de US$ 2 trilhões (cerca de R$ 11,5 trilhões), o que faz dela uma das mais ricas do mundo. Ainda assim, não teria condições de arcar com uma multa desse valor.
Motivo da punição
A multa é resultado de um processo judicial que teve início em 2020, quando o YouTube bloqueou os canais russos Tsargrad e RIA FAN por “violações da legislação sobre sanções e regras comerciais”.
Em 2021, o regulador de mídia da Rússia, Roskomnadzor, acusou o Google de apoiar “atividade ilegal de protesto” ao limitar o acesso de mídias russas como RT e Sputnik no YouTube. No ano seguinte, a ferramenta de busca foi multada pelas autoridades do país em US$ 217 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) por não bloquear conteúdos “proibidos” sobre a guerra na Ucrânia.
A situação se agravou após o início da guerra na Ucrânia em 2022, que levou a maioria das empresas ocidentais a se retirarem da Rússia, além do aumento das sanções impostas contra o país.
Em junho de 2022, o Google entrou com um pedido de falência na Rússia, alegando ter dívidas superiores a US$ 195 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão).
Moscou, por sua vez, processou o Google em diversos países, incluindo Espanha e Turquia, com o objetivo de receber indenizações. Em resposta, a empresa moveu ações judiciais contra os canais Russia Today, Tsargrad e Spas nos Estados Unidos e no Reino Unido para contestar os processos.