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Rússia nega querer retomada de corrida armamentista

Declaração foi feita um dia depois de Vladimir Putin discursar sobre as novas "armas invencíveis" da Rússia

Por AFP Atualizado em 30 jul 2020, 20h26 - Publicado em 2 mar 2018, 13h44
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  • O Kremlin negou, nesta sexta-feira, que tenha a intenção de reativar uma corrida armamentista com os Estados Unidos, um dia depois que o presidente Vladimir Putin exibiu as novas “armas invencíveis” da Rússia. Em seu discurso, o presidente russo detalhou as capacidades tecnológicas dos mísseis desenvolvidos por seu país, dando um tom belicista às tensões que não param de crescer entre Rússia e Estados Unidos.

    Esta demostração de força supõe um novo golpe às promessas de Donald Trump, que assegurou que reconciliaria os Estados Unidos com a Rússia, mesmo que sua administração esteja salpicada pelas acusações da ingerência russa em sua campanha eleitoral.

    O discurso fez temer uma nova escalada parecida com a do fim da Guerra Fria. “A Rússia não tem a intenção de lançar-se em uma corrida armamentista”, declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, que rejeitou as acusações de Washington neste sentido. “Desmentimos categoricamente todas as acusações de que a Rússia viola as disposições e os artigos do direito internacional sobre o desarmamento e controle de armas”, afirmou ainda. “A Rússia esteve, está e estará limitada por suas obrigações internacionais.”

     

    Ainda assim, Vladimir Putin disse, em entrevista à NBC, também nesta sexta-feira, que o país pode usar armas nucleares como uma retaliação a ataques que ameacem sua existência. “Há dois motivos que podem nos levar a usar armas nucleares: um outro ataque de armas nucleares contra nós ou um ataque usando armas convencionais quando há uma ameaça à existência ao Estado russo”, disse o presidente, respondendo a uma pergunta sobre se um ataque à Rússia sem o uso de armas nucleares poderia desencadear um ataque nuclear por parte do país.

    Na quinta-feira, Putin prometeu aos russos melhorar seu nível de vida e elogiou amplamente as novas capacidades militares do país, referindo-se aos novos armamentos de alta tecnologia do Exército. Em seu discurso anual ao Parlamento, a expectativa era que o presidente apresentasse as prioridades  sobretudo, nas áreas social e econômica  para o próximo mandato, o qual poderá levá-lo até 2024.

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    Depois de prometer adotar medidas de luta contra o câncer, melhorias na rede rodoviária, ou criar creches, Putin enumerou por quase uma hora (cerca de metade do tempo de seu pronunciamento) as últimas armas “invencíveis” da Rússia. Suas palavras tiveram como suporte imagens de computação gráfica, infografias e vídeos.

    Apresentando novos tipos de mísseis de cruzeiro com “capacidade ilimitada”, minissubmarinos de propulsão nuclear, ou mesmo uma arma a laser, “sobre a qual ainda é muito cedo para dar detalhes”, o presidente criticou a postura dos ocidentais em relação à Rússia.

    “Ninguém queria falar com a gente. Ninguém queria nos ouvir. Ouçam-nos agora!”, lançou, sendo ovacionado de pé pelos parlamentares reunidos em um prédio histórico perto do Kremlin. Ele destacou os avanços feitos, apesar das sanções ocidentais impostas em função da crise ucraniana e que são voltadas, em especial, para o setor da defesa.

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    O presidente disse que os esforços da Rússia são uma “resposta” à atividade militar americana, cuja nova postura nuclear foi denunciada por Moscou como “belicosa” e “anti-russa”. A Rússia “não ameaça ninguém”, “não tem nenhum plano de usar esse potencial de maneira ofensiva”, garantiu.

    O discurso militarista vem com mais força à tona no momento em que as relações entre Rússia e Ocidente se encontram em seu nível mais baixo desde o fim da Guerra Fria, tendo como pano de fundo as divergências persistentes sobre Ucrânia e Síria, além das acusações de ingerência em diferentes processos eleitorais no exterior  incluindo nos Estados Unidos.

    Indiferença

    Ato seguido, Washington acusou a Rússia de ignorar suas obrigações internacionais em função do discurso belicista de Putin. “Não consideramos isso como um gesto de um dirigente internacional responsável”, afirmou Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado.

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    Segundo Nauert, a “Rússia desenvolveu desestabilizadores sistemas de armamento nos últimos 10 anos em violação direta de suas obrigações”, que se desprendem dos tratados sobre controle de armas, em especial o assinado em 1987 por Washington e Moscou. A porta-voz disse que o discurso de Putin ajudou a “confirmar o que os Estados Unidos já sabiam há tempo”.

    As palavras do líder russo não foram uma surpresa para o Pentágono: “essas armas estão em desenvolvimento há muito tempo”, assegurou seu porta-voz, Dana White.

    “Não estamos surpresos com essas declarações e os americanos podem ficar certos de que estamos completamente preparados”, acrescentou, detalhando que a nova postura nuclear anunciada em fevereiro pelos Estados Unidos “levava em conta” essas armas russas.

    Já a chanceler alemã Angela Merkel e Donald Trump compartilharam em uma ligação telefônica sua preocupação após o discurso de Putin. “A chanceler e o presidente estão preocupados com as últimas declarações do presidente russo Putin sobre o desenvolvimento de armas e suas consequências nos esforços de controle internacional de sistemas de armamentos”, afirma um comunicado divulgado pelo governo alemão.

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