Funcionários do Kremlin envolvidos na campanha de reeleição do presidente Vladimir Putin em 2024 foram proibidos de usar iPhones por preocupações com possíveis atos de espionagem de agências ocidentais, informou o jornal russo Kommersant nesta segunda-feira, 20, citando fontes próximas à decisão.
Segundo o jornal, o vice-chefe da administração presidencial, Sergei Kiriyenko, afirmou durante seminário organizado pelo Kremlin que todos os funcionários ligados à candidatura deveriam trocar seus celulares até o dia 1° de abril.
“Está tudo acabado para o iPhone: jogue fora ou dê para as crianças”, disse um dos participantes da reunião ao jornal. “Todo mundo terá que fazer isso ainda em março”.
Perguntado sobre o assunto nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse não poder confirmar a reportagem.
“Smartphones não deveriam ser usados para assuntos oficiais”, disse Peskov. “Qualquer smartphone tem um mecanismo razoavelmente transparente, independentemente de qual sistema operacional possui – Android ou iOS. Naturalmente, eles não são usados para fins oficiais”.
A proibição do uso do modelo fabricado pela Apple chega em um momento em que a Rússia deseja afastar tecnologias ocidentais do país. Pouco depois de a Rússia enviar suas tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, espiões dos EUA e do Reino Unido afirmaram que a inteligência já sabia os planos de Putin. A origem dessas informações nunca foi revelada e a Apple não comentou sobre o assunto.
O próprio presidente russo, Vladimir Putin, já afirmou que não tem smartphone, embora Peskov já tenha admitido que Putin usa a Internet eventualmente.
Em entrevista à agência de notícias estatal russa TASS em 2020, Putin afirmou que não tem um celular próprio, e usa um do governo, ou de assessores próximos. A decisão, segundo ele, é porque o celular “tocaria o tempo inteiro”. Apesar disso, Peskov revelou que o presidente usa a internet de vez em quando.