O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta sexta-feira, 21, que os ataques da Rússia à infraestrutura energética da Ucrânia visam criar uma nova onda de refugiados.
Em discurso transmitido ao Conselho Europeu, Zelensky disse que depois de usar energia como arma contra a Europa, “a atual liderança russa ordenou transformar o próprio sistema de energia em um campo de batalha. As consequências disso são muito perigosas novamente, para todos nós na Europa”.
“Ataques de mísseis de cruzeiro russos e drones iranianos destruíram mais de um terço de nossa infraestrutura de energia”, disse ele. “Por causa disso, infelizmente, não podemos mais exportar eletricidade para ajudar [a Europa] a manter a estabilidade.”
Intensos ataques russos à infraestrutura de energia fizeram com que o país perdesse pelo menos 40% de sua capacidade de geração de energia. Autoridades ucranianas alertaram, no início desta semana, que ocorreriam apagões programados.
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“A Rússia também está provocando uma nova onda de imigração de ucranianos para os países da União Europeia. O terror da Rússia contra nossas instalações de energia visa criar o maior número possível de problemas com eletricidade e calor na Ucrânia neste outono e inverno e fazer com que o maior número possível de ucranianos parta para seus países”, disse Zelensky.
Além disso, o líder ucraniano afirmou que a Rússia estava colocando minas explosivas em uma barragem importante no rio Dnipro, na região sul de Kherson, bem como na usina hidrelétrica adjacente. A barragem tem cerca de 18 milhões de metros cúbicos de água.
“Se terroristas russos explodirem esta barragem, mais de 80 assentamentos, incluindo Kherson, estarão na zona de inundações rápidas. Centenas de milhares de pessoas podem sofrer. O abastecimento de água para uma grande parte do sul da Ucrânia pode ser destruído”, acrescentou.
Zelensky disse ainda que um ataque à barragem de Kherson pode deixar a usina nuclear de Zaporizhzhia sem água para resfriamento, porque a água para resfriar os reatores é retirada desse reservatório de Kakhovka.
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O chefe do distrito administrativo de Nova Kakhovka, indicado pelo Kremlin, Vladimir Leontiev, disse à agência de notícias estatal russa TASS que não faz sentido para a Rússia destruir a barragem.
“Qual é o ponto para a Rússia destruí-la agora? Mesmo do ponto de vista formal, isso é um absurdo. Isso é um absurdo absoluto”, disse Leontiev.
“Em primeiro lugar, é preciso pensar em quem se beneficia com isso: só é benéfico para a Ucrânia destruir a barragem, a usina hidrelétrica, atrapalhar a logística, semear medo e pânico, impedir a possibilidade de fornecimento de água através da Canal da Crimeia do Norte até o território da Crimeia”, disse ele, segundo a TASS.