Os russos irão às urnas neste domingo, 8, para eleger seus representantes municipais e regionais. O pleito se dá ao final de meses de protestos da oposição na capital, Moscou, onde as autoridades realizaram uma das maiores operações de repressão contra manifestantes em quase uma década.
Eleições municipais e regionais acontecem em todo país. Mas todas as atenções estarão voltadas para a capital russa, palco de uma onda de manifestações, detenções e prisões nos últimos meses. Segundo os analistas, os resultados serão acompanhados de perto como preparativos para as eleições legislativas de 2021.
Segundo a diretora do think-tank R.Politik, Tatiana Stanovaia, a campanha para as eleições locais refletiu um afastamento crescente entre as autoridades preocupadas com preservar o status quo e uma parte da população que pede uma mudança política.
“As eleições locais em Moscou questionam a capacidade de as autoridades aceitarem esta nova realidade”, explica. “Agem e pensam como no passado. Putin (presidente da Rússia) pensa que está tudo bem”, completou Stanovaia.
Desde meados de julho, manifestações ocorrem praticamente todos os fins de semana em Moscou contra a proibição de candidaturas da oposição nas eleições — sendo a maioria delas não autorizadas pelo governo. A ação da polícia, na tentativa de reprimir os protestos, levou a episódios de violência e na prisão de 2700 pessoas.
Voto de protesto
Cerca de 7,2 milhões de eleitores são esperados nas urnas no domingo para eleger os 45 deputados do Parlamento de Moscou. Atualmente, o partido do presidente russo, Vladimir Putin, o Rússia Unida, tem ampla maioria. O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, é um de seus primeiros aliados.
Para tentar impor uma derrota a Putin, o opositor Alexei Navalni, de 43 anos, pediu aos habitantes de Moscou que “votem de forma inteligente”, ou seja, apoiando os mais bem posicionados para derrotar os candidatos pró-Kremlin. A maioria deles é representante do Partido Comunista russo.
A baixa presença da oposição russa se deve, segundo a Justiça Eleitoral, ao fato de cada um dos postulantes críticos ao governo terem apresentado candidaturas com assinaturas “falsificadas” e documentos que continham muitos erros. Já a oposição diz que esse movimento serviu para barrar adversários do Kremlin e que os documentos e assinaturas são legítimos.
(Com AFP)