A França amanheceu nesta sexta-feira, 26 de julho, dia histórico da cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris, com um susto de vasto poder de estragos. Uma série de ataques a instalações da SNCF, a rede ferroviária, provocou a interrupção total ou parcial de três das quatro grandes linhas de conexão entre Paris e o restante do país.
Ao redor da capital, cabos elétricos da rede foram cortados e queimados. O presidente da SNCF, Jean-Pierre Farandou, apontou o dedo para “um bando de irresponsáveis” do que chamou de “ataque maciço”. Deu-se o caos imediato, com travessias canceladas e outras adiadas. Estima-se que uma a cada duas viagens tenha sido afetada. As autoridades preveem a retomada normal dos serviços apenas na segunda-feira. O primeiro-ministro demissionário Gabriel Attal convocou um gabinete de crise. “A mobilização para corrigir os problemas e oferecer alternativas é total”, disse.
Não se sabe, ainda, a origem dos ataques – simultâneos e coordenados, típicos de terrorismo – e tampouco se estão relacionados aos Jogos Olímpicos. A cautela impôs, ao menos por ora, uma expressão sutil: “sabotagem”. Não houve feridos. Mas não há dúvida: os danos são imediatos, e atingirão o vaivém dos primeiros dias de competição. Os quase 400 TGVs interligam as sedes olímpicas de Paris, Bordeaux, Lille, Lyon e Marselha. Estima-se que, apenas hoje, 800.000 pessoas tenham sido afetadas – entre trabalhadores do cotidiano de um dia normal e os turistas que se preparavam para chegar a Paris para o início da festa, em um dia de chuva.
Os responsáveis pelo Eurostar, que conectam Londres e Paris, anunciaram o cancelamento das viagens. Nas grandes estações parisienses impera o caos. Na Gare du Nord e em Montparnasse, as pessoas pareciam perdidas, amontoadas pelo chão, ao lado de malas, diante de painéis que indicavam os atrasos e as suspensões. O movimento é imenso, dado o início das férias de verão. “Hoje é um dia de tristeza”, resumiu Farandou, do SNCF. E hoje deveria ser um dia de alegria. Nas próximas horas, a tensão deve aumentar. Enquanto isso, os técnicos tratarão de consertar, “cabo a cabo”, segundo um diretor do sistema de transportes, a malha atacada.
Serviço para os brasileiros na França: as linhas de grande velocidade (LGV) atingidas:
LGV Atlantique: entre Paris e a costa do Atlântico
LGV Est: de Paris para Strasbourg, na fronteira com a Alemanha
LGV Nord: entre Paris, Lille e a fronteira com a Bélgica
Eurostar: Paris-Londres