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Sanae Takaichi: por que brasileiros no Japão estão preocupados com nova premiê

Conhecida como a 'Dama de Ferro japonesa', ela deve liderar uma decisiva guinada à direita na política do país, com foco no combate à imigração

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 out 2025, 09h14

A política conservadora Sanae Takaichi, do Partido Liberal Democrático (PLD), foi eleita nesta terça-feira, 21, primeira‑ministra do Japão, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país. Sua vitória está diretamente relacionada ao acordo de coalizão que assinou na véspera com o Partido da Inovação (Ishin), de direita, cujas cadeiras no parlamento permitiram que ela conquistasse maioria simples em ambas as casas legislativas.

Conhecida como a “Dama de Ferro japonesa” por sua admiração à britânica Mararet Tatcher, a nova premiê deve liderar uma decisiva guinada à direita na política do país. Takaichi fez promessas de campanha como reduzir impostos, aumentar gastos com defesa, ampliar a cooperação com os Estados Unidos de Donald Trump — mas, principalmente, combater a imigração. Seu programa se dá em um contexto em que o PLD se vê imerso em escândalos políticos e enfrenta baixa confiança pública.

Combate à imigração

Takaichi ascendeu à liderança do PLD com um perfil nacionalista e conservador, em um momento em que cresce no Japão o número de turistas e residentes estrangeiros. As tensões sobre imigração entraram com força no debate político, e o tema foi colocado por ela entre suas pautas principais.

A nova premiê propôs a criação de um centro de comando liderado diretamente por ela para cuidar de questões relacionadas a estrangeiros. E em sua campanha, acusou turistas, sem dar evidências, de chutarem cervos no Parque de Nara, animais considerados sagrados na cultura japonesa. A oposição criticou a declaração como “fomento à xenofobia”.

Em entrevista ao jornal Asahi Shimbun antes de tornar-se chefe do PLD, ela argumentou que ações para aumentar o controle de estrangeiros no país é uma resposta legítima a preocupações dos japoneses sobre segurança e respeito à cultura local.

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“Se o público está genuinamente se sentindo angustiado quanto a isso, precisamos encontrar um caminho para resolver essas preocupações. Não tem a ver com xenofobia ou exclusão”, enfatizou.

De acordo com analistas, o medo de uma “invasão de estrangeiros” está relacionado, como em outras partes do mundo, ao enfraquecimento da economia. O conjunto de políticas econômicas conhecido como Abenomics, implantado em 2013 para tirar o Japão da estagnação pelo falecido premiê Shinzo Abe, não conseguiu acabar com as diferenças de renda e, nos últimos anos, levou à inflação e à desaceleração do crescimento. Com o sentimento de insegurança sobre o futuro, imigrantes se tornaram um alvo fácil de críticas.

Alta de imigrantes

Dados de junho de 2025 divulgados pela Agência de Imigração revelam que o número de estrangeiros no Japão (com vistos temporários ou permanentes) aumentou 5% em relação ao ano anterior, totalizando 3,96 milhões de pessoas — mais de 3% da população total.

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O Brasil, que chegou a ocupar a terceira posição em número de cidadãos no Japão, forma hoje o sétimo maior grupo, com cerca de 211 mil residentes. A lista é encabeçada pelos chineses (900 mil), seguidos de vietnamitas (660 mil), coreanos (409 mil), filipinos (349 mil), nepaleses (273 mil) e indonésios (230 mil).

Com o aumento do turismo e da presença de imigrantes no país, também cresceu a circulação de notícias falsas e desinformação nas redes sociais. Postagens infundadas alegando que “estrangeiros cometem mais crimes”, “recebem privilégios injustificados” ou “não pagam impostos” se multiplicaram, alimentando um sentimento anti-imigração.

Ascenção da extrema direita

A pauta migratória foi central também na rápida ascensão do partido ultranacionalista Sanseito. Em julho, com o bordão “Japan First” (qualquer semelhança com o “America First” de Trump não é mera coincidência), a bancada da sigla no parlamento saltou de uma para 15 cadeiras na Câmara Alta nas eleições mais recentes. O partido atraiu eleitores jovens e conservadores descontentes com o PLD, promovendo um discurso linha-dura contra imigrantes.

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Depois do pleito de julho, o Movimento Brasileiros Emigrados (MBE), em conjunto com outras 1.159 organizações, publicou uma declaração de “emergência contra o incitamento à xenofobia”.

A retórica contra imigrantes contrasta com as necessidades do mercado de trabalho japonês. Com uma população envelhecida e escassez de trabalhadores em setores essenciais, o governo espera atrair 820 mil estrangeiros nos próximos cinco anos por meio do visto de habilidades específicas. Criado em 2019, o documento que já é usado por mais de 300 mil pessoas (a maioria do Sudeste Asiático) busca atrair profissionais de áreas com escassez de mão de obra. Nesse contexto, governadores e prefeitos de regiões com alta concentração de estrangeiros têm se manifestado contra o endurecimento das políticas migratórias, alertando para os riscos econômicos. Mas essas vozes enfrentam resistência de parte da população, cada vez mais influenciada por discursos nacionalistas.

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