A Promotoria Financeira da França informou nesta sexta-feira, 25, que o ex-presidente Nicolas Sarkozy será julgado em 2025 a respeito do suposto financiamento ilegal da Líbia, país no norte da África, a sua vitoriosa candidatura presidencial há 16 anos. Sarkozy, por sua vez, nega as acusações, tendo dito, em 2018, que “não há o menor sinal de prova” de que seria culpado e que sua vida havia sido transformada em um inferno.
No documento do Gabinete Anticorrupção (Oclciff), acessado pela agência de notícias francesa AFP, os magistrados ressaltam que “tudo aponta para um pacto de corrupção entre Nicolas Sarkozy e Muammar Kadafi para efeitos de financiamento da eleição”. Ao todo, Sarkozy teria recebido mais de € 50 milhões (cerca de R$ 263,5 milhões) do governo líbio para o financiamento de sua campanha na corrida presidencial de 2007.
Caso condenado, o ex-presidente, que permaneceu no cargo entre 2007 e 2012, poderá enfrentar 10 anos de prisão. Ele também está sendo acusado de “ocultação de desvio de fundos públicos, corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha e formação de quadrilha criminosa”, de acordo com o Ministério Público Francês.
Além disso, outras 12 pessoas estão sendo acusadas de participação, incluindo antigo braço direito de Sarkozy, Claude Gueant, ex-chefe do financiamento da campanha, Eric Woerth, e ex-ministro do Interior, Brice Hortefex. Uma audiência inicial está marcada para 7 de março de 2024, disse o Ministério Público, com o julgamento agendado para ocorrer entre 6 de janeiro de 2025 e 10 de abril de 2025.
Em maio, o político conservador, que conserva grande influência no país, teve seu recurso negado sobre a condenação de corrupção e tráfico de influência referente pelo Tribunal de Apelações de Paris, que manteve a pena de três anos de prisão. A sentença trata do caso das “escutas telefônicas”, no qual autoridades francesas grampearam os telefones e escutaram uma conversa entre Sarkozy e seu advogado Thierry Herzog que firmava um acordo de corrupção envolvendo Gilbert Azibert, conselheiro geral da Tribunal de Cassação, última instância francesa, em 2014.
Apesar da condenação, a pena do ex-presidente foi reduzida para um ano em prisão domiciliar, utilizando tornozeleira eletrônica. Ele perdeu, no entanto, seus direitos políticos por três anos. A sua equipe jurídica prometeu contestar a decisão no Tribunal de Cassação.