O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou nesta terça-feira que voltará ao seu país em dois dias e que está “muito bem” na Arábia Saudita, onde se encontra desde que renunciou ao cargo no último dia 4.
Em uma breve mensagem publicada em sua conta no Twitter, o político sunita – que também tem nacionalidade saudita – garantiu que voltará a Beirute em dois dias e afirmou que sua família está em “seu país, a Arábia Saudita, o reino do bem”.
“Estou muito bem e, se Deus quiser, vou voltar em dois dias, vamos nos tranquilizar”, tuítou o primeiro-ministro, que no fim de semana passado declarou à rede de televisão libanesa Al Mustaqbal que retornaria “muito em breve” para realizar os procedimentos constitucionais necessários para formalizar sua renúncia.
Na semana passada, o líder do Hezbollah no Líbano, Hassan Nasrallah, denunciou que Hariri está preso na Arábia Saudita e que a sua renúncia foi “forçada” e inconstitucional, porque foi feita sob coação. Nasrallah também colocou em cheque todas as declarações feitas pelo premiê, dizendo que ele é forçado pelos sauditas a dizer que está bem.
Mediação
O assessor do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou nesta segunda-feira que Hariri se ofereceu para fazer uma mediação entre Arábia Saudita e Irã e que não tinha problemas para “iniciar negociações”, informou hoje a agência oficial iraniana Irna.
Logo depois, a assessoria de imprensa do primeiro-ministro libanês desmentiu a informação e assegurou que Hariri apenas afirmou que “o Irã precisa acabar com suas ingerências no Iêmen e no reino da Arábia Saudita”.
Segundo o comunicado divulgado pela equipe do libanês, Velayati indicou durante uma visita recente a Beirute que o diálogo sobre a crise iemenita era um bom ponto para iniciar conversas entre Teerã e Riad, mas Hariri lhe disse que resolver o conflito no Iêmen está à frente “de qualquer diálogo”.
Velayati e Hariri se reuniram na capital libanesa antes de o premiê viajar para Riad, a capital saudita, de onde anunciou sua renúncia de forma inesperada.
Arábia Saudita e Irã travam uma batalha por influência no Oriente Médio, e o Líbano é um dos países envolvidos na escalada de tensão entre os dois polos. Além de ser pressionado pelos dois rivais, sofre com a ameaça de um novo conflito com Israel. O Hezbollah, aliado iraniano, vem acusando constantemente os sauditas de esquentar ainda mais a rivalidade no país.