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‘Se Lula quiser vir, será bem-vindo’, diz Javier Milei sobre sua posse

Presidente eleito da Argentina apaziguou discurso após ataques ao brasileiro durante a campanha, além de ter convidado Bolsonaro para a cerimônia

Por Amanda Péchy
Atualizado em 23 nov 2023, 12h00 - Publicado em 23 nov 2023, 09h03

Javier Milei, o presidente eleito da Argentina, afirmou, na noite de quarta-feira 22, que seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “será bem-vindo” à sua cerimônia de posse, caso decida comparecer. O comentário marcou um apaziguamento no tom do ultraliberal, depois de acumular ataques contra o petista durante sua campanha, além de ter convidado antes o ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem partilha inclinações ideológicas, para o evento.

“Se Lula quiser vir à minha posse, será bem-vindo. Ele é o presidente do Brasil”, disse Milei em entrevista ao canal argentino Todo Notícia.

Sem citar as críticas anteriores contra o chefe de Estado brasileiro, reconheceu que “houve curtos-circuitos na campanha”, mas afirmou que o Brasil “é um grande parceiro de negócios” da Argentina.

Desde a disputa eleitoral, o autointitulado anarcocaptalista havia mirado sua língua afiada no petista, referindo-se a ele como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”, além das promessas de retirar a Argentina do Mercosul.

Os ataques não obedeciam apenas aos apelos ideológicos que opõem direita e esquerda no continente – Milei não engole o fato de marqueteiros ligados ao PT terem se juntado à campanha do peronista Sergio Massa, com quem concorreu no segundo turno, para empregar técnicas de propaganda nas redes sociais semelhantes às utilizadas na peleja contra Bolsonaro no ano passado.

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Antes do aceno a Lula, o argentino convidou Jair Bolsonaro para sua posse, que deve ocorrer em 10 de dezembro. Na ligação por vídeo, o ex-presidente não economizou nos elogios: “Você representa muito para nós”, se derramou, dizendo-se “à disposição” do novo mandatário.

Fontes da diplomacia brasileira disseram a VEJA, porém, que o convite não foi encarado como uma afronta à relação entre os Estados argentino e brasileiro, já que Milei e a família Bolsonaro têm uma relação pessoal. “É como se fosse a formatura de seu filho. Você convida quem quiser para sua posse”, disse um diplomata.

A futura ministra das Relações Exteriores de Milei, Diana Mondino, que é uma das pessoas de sua maior confiança, também atenuou o tom e declarou que gostaria que o presidente Lula comparecesse à cerimônia.

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“Vamos convidar Lula para vir à posse. O Brasil e a Argentina sempre estiveram juntos e sempre trabalharão juntos”, afirmou.

Anteriormente, a futura chanceler havia dito que a Argentina, sob Milei, vai “parar de interagir com o governo do Brasil e da China”. A declaração de Mondino foi dada em entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti, após ser questionada se o país incentivaria as exportações e importações com os dois países.

No lado brasileiro, quando o presidente Lula escreveu uma mensagem reconhecendo a vitória do novo mandatário, nem sequer citou seu nome. Mas, dias depois, afirmou que “não tem de ser amigo” de presidentes de países vizinhos, só precisa haver uma relação republicana entre eles.

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O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse que ainda não foi batido o martelo sobre a ida de Lula à posse do novo presidente argentino e reafirmou que as tentativas de aproximação entre eles deveriam partir dos nossos vizinhos. “Qualquer gesto tem que partir de quem ofendeu”, disse a VEJA. 

Lula também indicou que tentaria fechar o acordo entre Mercosul e União Europeia antes da posse de Milei. O brasileiro teme que a eleição do candidato de extrema direita, que é contra o Mercosul, atrapalhe o desenvolvimento das negociações. Segundo fontes próximas ao presidente, que conversaram com VEJA sob a condição de anonimato, espera-se que o acordo seja assinado na cúpula dos líderes do Mercosul em dezembro, no Rio de Janeiro.

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