O secretário de Justiça dos Estados Unidos, William Barr, desmentiu o presidente, Donald Trump, nesta terça-feira, 1º, ao afirmar em entrevista que não há evidências de fraude significativa nas eleições presidenciais de 3 de novembro, vencidas pelo democrata Joe Biden.
“Até o momento, nós não vimos fraude em uma escala que pudesse levar a um resultado diferente nas eleições”, disse Barr à agência de notícias Associated Press.
Essa afirmação representa mais uma derrota a Trump, em especial pelo fato do secretário ser um dos aliados mais próximos do presidente. Pouco depois da publicação da entrevista, Barr foi visto na Casa Branca e muitos analistas especulavam que ele poderá deixar o governo.
Barr, que, por questões constitucionais, também exerce a função de procurador-geral dos Estados Unidos, emitiu em meados de novembro uma diretriz a todos os procuradores do país para investigar quaisquer “alegações substanciais” de irregularidades nas votações.
Antes mesmo das eleições, no início do setembro, o secretário disse em entrevista à emissora CNN que “as eleições realizadas com correio encontraram fraude e coerção substanciais”. Um estudo da Loyola Law School, citado pelo jornalista da CNN Chris Cillizza em um artigo para a sua coluna The Point, indica que houve apenas 31 casos de votos por correspondência fraudados entre mais de um bilhão entre 2000 e 2014.
Trump ainda não reagiu à fala de Barr, que, embora já tenha acusado o presidente de dificultar o seu trabalho como secretário de Justiça, se mostrou fiel em diversas outras ocasiões, como no episódio da redução da pena de Roger Stone, envolvido no escândalo da interferência russa nas eleições de 2016.
Além de ignorar a entrevista de seu secretário de Justiça, o presidente americano está ao longo da tarde desta terça-feira publicando em seu perfil oficial no Twitter trechos de uma coletiva de imprensa com depoimentos conspiratórios sobre suposta fraude eleitoral.
LIVE NOW! Press Conference by Amistad Project: “Election Whistleblowers Come Forward”https://t.co/Yjh1GsxGvS
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 1, 2020
Trump, que se nega a admitir a derrota, criticou no domingo o Departamento de Justiça e o FBI, a polícia federal americana, por não ajudarem a demonstrar a existência de uma fraude que, segundo ele, teria sido maciça. “Estão desaparecidos”, disse à Fox News.
Em várias ações judiciais, todas rejeitadas nos tribunais, a campanha de Trump tem tentado invalidar milhões de votos dados a Biden, baseando-se em afirmações sem provas.
(Com AFP)