Segunda rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia ocorrerá nesta quarta
Encontro deve ocorrer na fronteira entre Belarus e Polônia; Rússia exige que o vizinho não integre nenhum bloco. Já a Ucrânia quer um cessar-fogo imediato
A segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia acontecerá nesta quarta-feira, 2, de acordo com informações de agências estatais dos dois países. O encontro deve ocorrer na fronteira entre Belarus e Polônia.
Na última segunda-feira, delegações da Rússia e da Ucrânia se encontraram para a primeira rodada na Bielorrússia, perto da fronteira com a Ucrânia. A reunião, que durou cerca de cinco horas, não produziu resultados tangíveis e os dois lados disseram que se reuniriam novamente nos próximos dias. A Ucrânia chegou a classificar a negociação como “difícil”.
A imprensa ucraniana afirma que a Rússia, além da não expansão da Otan para o Leste Europeu, teria exigido que a Ucrânia se comprometesse a documentar seu status de não integrar nenhum bloco e realizar um referendo sobre isso, reconhecesse as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, abandonasse a exigência da devolução da Crimeia à Kiev e promovesse o fim das políticas nazistas. Já a Ucrânia teria exigido um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do país.
No entanto, as tropas russas continuam agindo sobre a capital Kiev e outras regiões do país. As negociações não travaram o ímpeto russo de avançar sobre a Ucrânia nem fizeram os ucranianos pararem as tentativas de se aproximar cada vez mais da União Europeia para garantir sanções contra a Rússia e a participação no bloco.
As conversas desta quarta vão ocorrer após o pedido de entrada da Ucrânia à União Europeia — formalizado em videoconferência ao Parlamento Europeu pelo presidente Volodymyr Zelensky — que garantiria uma aproximação ucraniana com os países do Ocidente. “Acredito que estamos mostrando que a UE será mais forte conosco. Sem vocês, ficaremos sós. No mínimo, mostramos que somos tão bons como vocês. Provem que são, de fato, europeus e, assim, a vida vencerá a morte e a luz vencerá a escuridão. Glória à Ucrânia”, disse Zelensky.
Nesta terça-feira, o presidente ucraniano disse ainda que a Rússia deve parar de bombardear cidades ucranianas antes que negociações significativas de cessar-fogo possam começar.
Zelensky, que rejeitou ofertas para deixar a capital Kiev diante do avanço das forças russas, também disse que país exigirá garantias de segurança juridicamente vinculativas se a Otan fechar a porta às perspectivas de adesão da Ucrânia.
Sobre as reuniões com a Rússia, Volodymyr Zelensky chegou a dizer que não crê em um resultado positivo das anunciadas negociações com a Rússia, mas garantiu que “vai tentar”: “Sinceramente, como sempre, direi que não acredito no resultado desta reunião, mas vamos tentar para que nenhum cidadão ucraniano duvide minimamente que eu, como presidente, não tentei acabar com esta guerra quando houve sequer uma possibilidade mínima”.
Já o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, disse que o presidente Vladimir Putin foi informado das negociações com a Ucrânia, mas que é muito cedo para “avaliar” o resultado do diálogo em curso. “Temos que analisar e depois pensar nas perspectivas informadas”, informou ele.
Enquanto isso, o Ministério de Defesa russo alertou que o exército do país vai atacar Kiev, em locais ligados aos serviços de segurança do país, além de unidades de operações especiais. Segundo as agências de notícias Tass e RIA, a pasta alega que os ataques são uma forma de evitar “ataques de informação” contra o país.
No aviso, os russos fizeram um alerta para que civis deixem as áreas que podem ser atingidas. Entre os locais que devem ser alvo estão o Serviço de Segurança da Ucrânia e o 72º Centro de Informação e Operações Psicológicas em Kiev.
“Pedimos aos cidadãos envolvidos pelos nacionalistas ucranianos em provocações contra a Rússia e também aos moradores de Kiev que vivem perto das estações para que deixem suas casas”, dizia a nota do Ministério da Defesa da Rússia.