Segundo dia de bombardeios israelenses em Gaza mata civis e funcionários da ONU
Após um cessar-fogo de dois meses, Israel lançou novos ataques contra o território palestino visando 'alvos terroristas'

Israel lançou novos ataques aéreos contra Gaza nesta quarta-feira, 19, no segundo dia da retomada da ofensiva no território palestino após um cessar-fogo de dois meses. Segundo o porta-voz da agência de defesa civil de Gaza, Mahmud Bassal, pelo menos 13 pessoas foram mortas pelos bombardeios durante esta madrugada, depois de Tel Aviv dizer que retomaria os combates “com força total” no território palestino.
As Nações Unidas afirmaram que dois de seus funcionários foram mortos e outros ficaram feridos depois que um complexo em Gaza foi atingido na quarta-feira. Outro ataque aéreo matou três pessoas em uma casa no subúrbio de Sabra, na Cidade de Gaza, no centro do enclave. Mais dois civis morreram e cinco ficaram feridos após um drone israelense atingir uma instalação perto da zona humanitária de al-Mawasi, no sul do território palestino, informou a agência de notícias palestina Wafa.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), por sua vez, disseram que os novos ataques foram contra alvos “terroristas”, incluindo um “local militar do Hamas no norte de Gaza, onde estavam sendo feitos preparativos para disparar projéteis” e “várias embarcações na área costeira da Faixa de Gaza destinadas ao uso em operações terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica”.
Os militares israelenses também emitiram novas ordens nesta quarta-feira para que os moradores de uma faixa do norte de Gaza fujam para o sul e oeste para evitar “zonas de combate perigosas”. Estima-se que cerca de 100 mil palestinos já foram afetados por uma série de ordens de retirada nas últimas 24 horas.
Retomada dos ataques
Na terça-feira, ataques aéreos israelenses atingiram o enclave palestino, destruído pelo conflito de um ano e cinco meses. Ao menos 404 pessoas foram mortas, muitas delas crianças, e 562 pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério de Saúde palestino, que não faz distinção entre civis e combatentes.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na terça-feira que os intensos bombardeios ao território palestino, que violam o cessar-fogo firmado em janeiro, são “apenas o começo”. Os ataques, segundo ele, continuarão até que o governo israelense alcance os seus objetivos na guerra em Gaza: erradicar o grupo palestino radical Hamas e libertar todos os reféns, mantidos em cárcere desde 7 de outubro de 2023.
Futuro de Gaza
A retomada dos ataques é um trágico retrato de semanas de estagnações nas negociações para iniciar a segunda fase do acordo de cessar-fogo, que previa a libertação dos mantidos em cativeiro e a saída total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Não saiu do papel. Com trocas de farpas, Israel e Hamas acusavam-se mutuamente de violar os termos da trégua, revelando a fragilidade do pacto.
A primeira fase levou, ao longo de seis semanas, à troca de 25 reféns israelenses vivos e os restos mortais de outros oito, em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos detidos e em prisões de Israel. Também permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave e o retorno da população local às suas casas no norte de Gaza.
Bibi mostrou oposição consistentemente a qualquer fim permanente da guerra em Gaza, em parte devido a um cálculo político doméstico. Impopular, com vantagem de apenas dois votos no Parlamento, ele se desdobra para agradar aos partidos radicais religiosos que sustentam sua coalizão e são contra concessões em Gaza em meio a intensas pressões, inclusive dos Estados Unidos, para pôr fim ao conflito que se estende por mais de um ano e já matou, em números oficiais, quase 50 mil palestinos.