A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta segunda-feira, 10, o adiamento da votação final de seu acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), diante da impossibilidade de tê-lo aprovado pela Câmara dos Comuns. A votação estava marcada para a terça-feira, 11.
A decisão da Câmara dos Comuns pode ser postergada para a próxima semana ou até mesmo para o início de janeiro, o que deixaria menos tempo para a conclusão da tramitação do acordo do Brexit antes do dia 29 de março, quando a separação entre o Reino Unido e a União Europeia será efetivada. A data limite para votação na Câmara dos Comuns é o dia 21 de Janeiro.
Diante dos parlamentares, May afirmou que o acordo tem apoio majoritário em muitos de seus aspectos. Mas há ainda oposição à flexibilização da fronteira entre as duas Irlandas. “Se a votação acontecesse, de fato, perderíamos por uma grande margem. Por isso, será adiada”, explicou.
O anúncio do adiamento da votação fiz a libra esterlina cair para o seu menor valor em 18 meses. A cotação da moeda, em relação ao dólar americano, perdeu 0,5%. Comparada ao euro, a desvalorização foi de 0,8%.
Segundo o jornal The Guardian, a primeira-ministra conversou com colegas de gabinete na manhã desta segunda, 10, depois de concluir que não poderia convencer muitos dos 100 membros do Partido Conservador contrários ao acordo. O adiamento tão próximo a data da votação mina ainda mais a autoridade de May, apesar de oferecer tempo extra para negociações adicionais com a União Europeia e os membros conservadores hostis a sua proposta.
Até o último dia 6, a premiê mostrava-se mais determinada sobre a votação do acordo. Afirmara à rádio BBC que havia três opções aos parlamentares britânicos: aprovar os termos propostos por ela, encarar uma saída da União Europeia sem acordo e a reversão do plebiscito de 2016, que aprovou o Brexit.
“Há três opções: uma é deixar a União Europeia com um acordo… as outras duas são sair sem um acordo ou não ter nenhum Brexit”, disse.
A questão irlandesa continua a ser o nó górdio de May. Chamada de “backstop”, essa cláusula do acordo tem o objetivo de manter a fronteira aberta entre a irlanda do Norte, que é território do Reino Unido, e a Irlanda. Nessa região, continuaria a vigorar uma área de livre comércio pelo menos até 2020. Boa parte do Parlamento britânico rejeita esta opção.