O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou nesta quarta-feira, 9, a sala onde negociava com os líderes democratas do Congresso a inclusão dos custos da construção de um muro na fronteira com o México ao enfrentar a a resistência de seus opositores, segundo o jornal The New York Times. Irritado, Trump bateu a mão na mesa, deixou a sala e registrou em seu perfil no Twitter: “foi uma perda total de tempo”.
Trump tornou a questão seu principal cavalo de batalha contra a oposição democrata, que agora detém maioria na Câmara dos Deputados. Ele exige a inclusão no orçamento de 2019 de 5,7 bilhões de dólares para a construção do muro, com o qual pretende conter a imigração ilegal. Como trunfo, mantém o governo federal paralisado desde 22 de dezembro, sem o repasse de recursos para gastos correntes, em represália à resistência democrata.
Os democratas exigem de Trump a reabertura do governo. Trump exige o dinheiro para o muro – uma promessa de campanha não cumprida nestes seus dois anos de mandato. A queda de braço, aparentemente, está longe de terminar, em prejuízo do cidadão comum e dos 800.000 funcionários públicos federais.
Ao deixarem a Casa Branca, a presidente da Câmara, a deputada democrata Nancy Pelosi, e o senador Chuck Schumer, declararam que Trump tinha feito “birra”. O presidente reagiu.
“Eu perguntei o que vai acontecer em 30 dias, se eu abrir rapidamente as coisas, você vai aprovar a segurança de fronteira, que inclui uma parede ou barreira de aço? Nancy disse não. Eu disse tchau, nada mais funciona!”, registrou Trump no Twitter.
Segundo o jornal The Washington Post, não há indicações sobre quando as conversas poderão ser retomadas. Enquanto isso, os 800.000 servidores estão sem seus salários e os serviços oferecidos pelas agências federais estão suspensos. Entre eles, o pagamento do seguro-desemprego e do selo-alimentação.
Trump tomou a decisão drástica de paralisar o governo mesmo depois de confrontado com legisladores republicanos, contrários à medida. Republicanas moderadas, como as senadoras Lisa Murkowski e Susan Collins, apelaram a Trump, sem sucesso.
Na noite de terça-feira 8, Trump fizera seu primeiro pronunciamento oficial no Salão Oval da Casa Branca, totalmente direcionado a sua campanha de liberação dos recursos para o muro na fronteira. Ao longo de oito minutos, transmitido em horário nobre pela televisão americana, disse que há “uma crise humanitária do coração e da alma” na fronteira sul do país.
Trump responsabilizou gangues de coiotes e a movimentação de “grande quantidade de drogas ilegais” na fronteira por “milhares de mortes”. Também culpou a oposição pela paralisia do governo.
Em resposta, no Congresso, Pelosi afirmou que Trump quer alimentar o pavor entre os americanos e fazê-los de reféns para ver seus projetos concluídos. “Infelizmente, as falas do presidente Trump ao longo dessa paralisação sem sentido são repletas de informações incorretas e até mesmo maliciosas”, disse a presidente da Câmara. “Ele deve parar de manter a população americana refém, deve parar de fabricar uma crise, e reabrir o governo”, completou.