Sem evidências, Noboa denuncia fraude nas eleições do Equador
Presidente equatoriano, que disputará segundo turno com Luisa González, questiona contagem de votos e sugere que gangues tentaram favorecer a rival

O presidente do Equador, Daniel Noboa, denunciou, nesta terça-feira 11, irregularidades na apuração dos votos do primeiro turno da eleição presidencial. Segundo ele, grupos ligados ao crime organizado tentaram manipular o resultado eleitoral para favorecer a candidata esquerdista Luisa González, apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa. Os dois devem disputar o segundo turno, marcado para o dia 13 de abril.
Noboa também questionou a contagem oficial dos votos, alegando que os números divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não coincidiram com a apuração rápida feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em entrevista à Rádio Centro, diretamente do Palácio de Carondelet, o presidente, um novato na política cuja fortuna vem de um império de exportação de bananas, sugeriu que facções criminosas atuaram para influenciar o resultado da votação, sem citar nomes. Ele afirmou que gangues ameaçaram cidadãos para garantir votos em González, que perdeu para ele por uma margem mínima.
A contagem de votos deu 44,3% dos votos válidos a Noboa e 43,8% a González, uma diferença de menos de 50.000 votos.
Noboa destacou a captura de Negro Barrei, líder da facção criminosa Los Lobos, como evidência de conexões entre o crime organizado e o Movimento Revolução Cidadã, partido de Correa, embora não tenha fornecido detalhes específicos sobre essas ligações.
Em busca da reeleição
Além das denúncias sobre interferência no processo eleitoral, Noboa aproveitou a entrevista para reforçar suas propostas econômicas. O presidente defendeu incentivos fiscais para empresas que contratem jovens e medidas para facilitar o acesso ao crédito por mulheres empreendedoras.
Outro tema abordado foi sua conturbada relação com a vice-presidente do país, Verónica Abad. Noboa questionou o fato de ela não ter mostrado publicamente sua cédula de votação no dia das eleições e insinuou uma conspiração contra ele. “A verdade é que não acredito muito nela”, afirmou.
Apesar das incertezas políticas, Noboa deixou claro que buscará a reeleição. “O Equador precisa de mais quatro anos de um governo adequado”, declarou.
Polarização no Equador
As eleições no Equador se transformaram em um duelo entre dois projetos opostos de governo. De um lado, Noboa aposta na repressão ao crime organizado e na ampliação do poder das forças de segurança para conter a escalada da violência. Do outro, González propõe o retorno ao modelo social do correísmo, com foco em programas assistenciais e recuperação econômica.
Desde que assumiu a presidência em 2023, Noboa, de 37 anos, se tornou o chefe de Estado mais jovem do mundo e adotou uma postura agressiva contra o narcotráfico e as gangues que aterrorizam o país. Seu governo usou as Forças Armadas para retomar o controle de presídios e declarou guerra ao crime organizado. Essa abordagem conquistou apoio de parte da população, mas também gerou críticas.
Luisa González, por sua vez, representa a continuidade das políticas de Rafael Correa, presidente entre 2007 e 2017, período de forte investimento em infraestrutura e programas sociais. No entanto, a era Correa também foi marcada por escândalos de corrupção, resultando na condenação e exílio do ex-presidente.