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Sempre dá para piorar: nova biografia revira detalhes inéditos do declínio do príncipe Andrew

Livro abre o baú de más lembranças trazidas pelo escândalo Epstein e mina os planos de reabilitação da imagem

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 ago 2025, 08h00

O príncipe Andrew, que nos áureos tempos não perdia a oportunidade de se pôr sob os holofotes e aproveitar tudo de melhor que o Palácio de Buckingham poderia oferecer, teve de se recolher diante de circunstâncias bem pouco nobres. O segundo filho da rainha Elizabeth II, morta em 2022, perdeu a condição de royal sênior, que embutia funções e privilégios, após ser sugado pelo escândalo protagonizado pelo milionário americano Jeffrey Epstein, julgado e condenado por manter uma rede de exploração sexual de garotas, muitas menores de idade, que depois se matou na cadeia. O caso que a toda hora ganha novo capítulo vem respingando até no presidente Donald Trump que, como vários poderosos, teve elos com Epstein. Hoje morando em Windsor, Andrew é visto ora em solitárias cavalgadas, ora confinado em sua ala, onde se entretém com vídeos de aviação.

O declínio do duque de York começou justamente com a derrocada de Epstein, o companheiro de farras sobre quem concedeu desastrosa entrevista, em 2019, tratando com displicência uma trama que já dominava as páginas policiais. A situação só fez piorar quando uma das meninas, Virginia Giuffre, acusou Andrew de estupro. Ela acabou silenciando após um acordo milionário e cometeu suicídio em abril deste ano. Com tudo isso, parecia que o príncipe havia alcançado o mais baixo patamar possível, mas não é bem assim. Uma recém-lançada biografia sobre o royal-­problema, Entitled: The Rise and Fall of the House of York, que trata da ascensão e queda do rebento predileto da rainha, confere tintas gritantes a enroscos em que se meteu e fornece fartura de exemplos de arrogância e destratos com funcionários — um deles teria sido demitido por usar gravata de náilon. De gênio indomável, ele teria ainda saído no tapa com o príncipe Harry, após tecer venenosas críticas a Meghan Markle, de quem o sobrinho estava noivo. “Ela é oportunista, velha demais, e o casamento não vai durar um mês”, disparou Andrew, recebendo em troca um soco.

O autor da biografia, o historiador inglês Andrew Lownie, que passou quatro anos às voltas com centenas de entrevistas, elenca em pormenores as estranhas conexões do príncipe. De acordo com o livro, ele cruzava os céus a bordo de jatinhos particulares vendendo influência a figuras do naipe de Tarek Kaituni, o traficante de armas líbio com quem passou férias na Tunísia, e o empresário chinês Yang Teng­bo, proibido de entrar no Reino Unido por suspeita de ser espião de seu país. No topo da lista das más amizades, claro, figura Epstein, que teria proferido a frase: “Somos ambos viciados em sexo, mas pelos relatos que recebi das mulheres que compartilhamos, ele é o animal mais pervertido do quarto”. Uma amostra do insaciável apetite sexual do duque foi dada em Bangkok, na ocasião do jubileu de diamante do rei da Tailândia, em 2006, quando ele levou quarenta mulheres à sua suíte de hotel.

O livro mergulha na natureza dos estreitos laços que uniam Epstein e Andrew. “O príncipe era um idiota útil que dava a Epstein respeitabilidade, acesso a líderes políticos e oportunidades de negócios. Ele o considerava fácil de explorar”, afirma Lownie, que garante que o americano vendeu vídeos de teor sexual em que o royal aparecia a fregueses como o Mossad, a agência de espionagem israelense, e os serviços de inteligência líbios nos tempos do ditador Muamar Kadafi. Mas Lownie faz questão de ressaltar que o príncipe não se encaixa no figurino da vítima, sendo, também ele, protagonista do escândalo que voltou à cena por obra de uma mal calculada manobra de Trump, agora arrastado para o imbróglio que só sobe de temperatura. O quinhão que cabe a Andrew de glamouroso não tem nada. “Isso tudo é péssimo para a monarquia, que vinha tentando frear os danos recentes à marca Windsor”, observa o historiador britânico Ed Owens.

Sobre a biografia que agitou o reino, Andrew nada falou nem deu nenhum sinal de que vai partir para a via judicial. Já Harry avisou que irá mover processo contra Lownie. O escritor não é neófito na área — já publicou livros que se tornaram best-sellers de semelhante acidez, como o que refaz a trajetória do lorde Mountbatten, tio-avô do rei Charles III, que teria sido, segundo o historiador, bissexual, e do rei Edward VIII, a quem enredou em intrigas nazistas. Os mais escolados especialistas em realeza britânica avaliam que o livro baixa de forma categórica as expectativas cultivadas por Andrew de dar uma envernizada na imagem e sair das sombras. “Se ele ainda tinha esperança de ser reintegrado oficialmente à monarquia, certamente que esses relatos o distanciam do objetivo”, diz Pauline Maclaran, conhecedora dos códigos de Buckingham. Enquanto isso, a popularidade do príncipe estacionou nos 9%, a pior de toda a realeza. Um tremendo choque de realidade.

Publicado em VEJA de 15 de agosto de 2025, edição nº 2957

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