A Câmara dos Deputados da Flórida deu aprovação final nesta quinta-feira, 21, a um projeto de lei que tem o objetivo de dissolver o regime especial de governo do parque temático Walt Disney World. A decisão é uma vitória retumbante para o governador republicano Ron DeSantis em sua disputa com o gigante do entretenimento por uma controversa medida aprovada neste ano no estado.
A medida, que ainda precisa ser assinada pelo governador, entraria em vigor em junho do ano que vem e pode gerar implicações fiscais enormes para a Disney, cujos parques temáticos transformaram Orlando em um dos destinos turísticos mais populares do mundo, gerando mais de 5 bilhões de dólares e atraindo mais de 50 milhões de visitantes por ano.
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A designação de “distrito de impostos especiais de consumo”, um privilégio que a empresa manteve por 55 anos, faz com que, na prática, a Disney tenha os mesmos poderes que qualquer outro município da Flórida dentro de seu território, que compreende cerca de 100 quilômetros quadrados. Sob o regime especial, quantos impostos são cobrados, como são investidos, segurança e a direção da área ficam a critério do Walt Disney World Resort.
O distrito especial é composto pelos parques temáticos e pelas cidades de Lake Buena Vista e Bay Lake. Dentro de seus limites existem 19 “proprietários de terras”, incluindo a Disney e suas subsidiárias. Dentro deste território, a empresa, assim como uma cidade “comum”, é responsável por questões como geração e distribuição de energia, combate a incêndios e até regulamentação de códigos e construção.
As operações são financiadas por meio de impostos, taxas de proprietários e inquilinos, emissões de títulos e receitas de serviços públicos. Um conselho de supervisores de cinco membros eleitos pelos proprietários governa a área.
DeSantis x Disney
Em 28 de março, DeSantis assinou a legislação apelidada de “Don’t say gay”, proibindo que escolas falem sobre orientação sexual e identidade de gênero no ensino primário, o que se tornou rapidamente alvo de reprovação em todo o país. Mesmo quando tramitava no Legislativo, o projeto já era alvo de intensas críticas.
A Disney, maior empregadora do estado, com mais de 60.000 trabalhadores, e importante doadora de recursos para políticos conservadores, demorou, mas sob pressão de funcionários se posicionou contra a legislação: “Nunca deveria ter sido aprovada, nem assinada”.
Em troca, o governador comprou uma briga com o gigante do entretenimento, mostrando interesse em rescindir uma provisão de mais de cinco décadas que permite que o grupo opere quase como um governo independente em torno de seu parque em Orlando.
“A Disney alienou muitas pessoas (…) E por que deveria ter privilégios especiais? Não acho que deveria”, reconheceu.