Separatistas preparam resposta à intervenção na Catalunha
A contagem regressiva para o fim do governo catalão começou no sábado, com o anúncio de medidas para "restaurar a ordem constitucional"
Os líderes separatistas da Catalunha avaliaram, neste domingo, os passos que darão na próxima semana para enfrentar o plano do governo espanhol de destituir o executivo regional e tomar outras medidas, cuja constitucionalidade é alvo de debates. “Todos os cenários podem e devem ser previstos”, declarou o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull. “Temos que tomar decisões, como disse o presidente [catalão Carles Puigdemont], com todas as consequências”, explicou Turull.
Quando perguntado se aceitaria a ordem de destituição do governo de Mariano Rajoy, ele respondeu: “Eu me reporto ao presidente da Generalitat da Catalunha”. A contagem regressiva para o fim do governo separatista da Catalunha começou no sábado, com o anúncio de medidas para “restaurar a ordem constitucional” na região autônoma.
O Senado autorizou o governo de Rajoy a utilizar o artigo 155 da Constituição – para colocar ordem em um governo autônomo desobediente – e lançar seu plano, que inclui convocar eleições regionais em um período máximo de seis meses. A câmara votará as medidas na próxima sexta-feira.
Na segunda-feira, os representantes dos diferentes partidos com representação no Parlamento catalão vão se reunir para fixar a data da próxima sessão plenária, que poderia ser uma nova oportunidade de declarar unilateralmente a independência, apoiando-se nos resultados do referendo inconstitucional de 1º de outubro.
Em resposta às medidas de Rajoy, Carles Puigdemont afirmou no sábado que o governo espanhol “se situa fora do Estado de direito” e anunciou que pedirá ao Parlamento que atue contra a “tentativa de liquidar nosso autogoverno e nossa democracia”.
A indignação de metade da sociedade catalã que apoia a independência aumentou nos últimos dias e, com ela, as pressões para que Puigdemont dê um passo definitivo.
Outras vozes pedem a convocação de eleições antes de Rajoy, o que parece ser uma saída para a crise. Mas Turull afirmou que esta opção “não está sobre a mesa”. Não está claro como Rajoy vai materializar sua ameaça de destituir o governo catalão e cumprir o resto das medidas. Mas o ministro das Relações Exteriores, Alfonso Dastis, explicou à BBC que eles não vão “prender ninguém”.
O anúncio das medidas de Rajoy poderia redefinir os espaços políticos na Catalunha, e a independência poderia atrair, no confronto com Rajoy, a esquerda representada pela prefeita de Barcelona, Ada Colau.
No sábado, Colau participou da manifestação em Barcelona para exigir a libertação de dois líderes do movimento separatista, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez, e denunciou que “Rajoy suspendeu o autogoverno da Catalunha pelo qual tantas pessoas lutaram”.
Neste domingo, se manteve a calma na Catalunha, mas no País Basco centenas de pessoas fizeram uma corrente humana em solidariedade aos catalães, mas também reivindicando suas próprias ambições independentistas, enquanto outras centenas se reuniram na praça central de Puerta del Sol em Madri.
Cantando “Madri está com o povo catalão” e com um cartaz que dizia “Não ao 155”, os manifestantes rejeitaram a intervenção na autonomia catalã e pediram a libertação de Cuixart e Sánchezl.
Os planos do governo central incluem a possibilidade de intervir nos meios de comunicação públicos catalães e na polícia regional.
(Com AFP)