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Serviços voltam a funcionar com fim da crise orçamentária nos EUA

A paralisação que durou três dias chegou ao fim após o Senado e o Congresso americanos aprovarem um acordo temporário de financiamento do governo

Por AFP
Atualizado em 23 jan 2018, 14h41 - Publicado em 23 jan 2018, 12h45

Centenas de milhares de funcionários da administração federal dos Estados Unidos retomaram os trabalhos nesta terça-feira após o compromisso orçamentário temporário alcançado no Congresso, comemorado em tom triunfante pelo presidente Donald Trump. “Me agrada que os democratas no Congresso tenham recuperado a razão”, disse em uma breve declaração na segunda-feira à noite.

A paralisação do governo americano não afetou serviços essenciais do governo, em particular os que têm a ver com a segurança nacional. Mas na capital federal era notável a redução da atividade, com o metrô e as principais avenidas mais vazias do que de costume.

A Estátua da Liberdade, símbolo da imigração, foi fechada aos turistas desde sábado de manhã, mas reabriu na segunda-feira com recursos estatais.

Fim da paralisação

Após intensas negociações durante o fim de semana, a oposição democrata votou um projeto de lei de financiamento provisório do Estado, em troca do compromisso da maioria republicana de regularizar centenas de milhares de “dreamers” (sonhadores), como são chamados os imigrantes em situação ilegal que chegaram crianças ao país.

A medida, que prevê um orçamento até 8 de fevereiro, foi aprovada por 80 votos contra 18 no Senado. A Câmara dos Representantes também aprovou a lei de financiamento temporário, com 266 votos a favor e 150 contra.

No Twitter, Trump ressaltou uma “grande vitória para os republicanos, os democratas cederam sobre o shutdown”. “Voltem à mesa de negociações!”, acrescentou aos democratas, em referência às discussões que devem se seguir para um acordo definitivo.

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A lei “Stopgap”, que, além de financiar o governo até 8 de fevereiro, reautoriza um programa popular de seguro de saúde infantil, foi logo depois promulgada pelo presidente.

O “shutdown” (fechamento) do governo ofuscou o primeiro aniversário da posse do presidente Donald Trump no sábado, e ameaçava a participação do presidente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que acabou sendo confirmada.

Desafiante, Trump pôs em dúvida seu apoio a uma reforma migratória, o grande impasse que provocou a paralisação. “Como sempre disse, uma vez que o governo seja financiado, minha administração vai trabalhar para resolver o injusto problema de imigração ilegal. Faremos um acordo de longo prazo sobre imigração se, e somente se, for bom para nosso país”, destacou.

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Essa foi a quarta paralisação do governo federal desde 1990. O último remonta a 2013, durante a administração do presidente democrata Barack Obama, e durou dezesseis dias, afetando 800.000 funcionários.

Nova paralisação em três semanas

“Teremos outra votação em três semanas”, disse à AFP Molly Reynolds, especialista em governabilidade do Instituto Brookings. E se não se avançar no tema migratório, “acho que os democratas ainda têm a capacidade de forçar outro shutdown”.

Entre os democratas que votaram contra o acordo, há vários potenciais candidatos à Presidência para 2020, como Kamala Harris, Bernie Sanders, Kirsten Gillibrand e Elizabeth Warren.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, lembrou ao líder da maioria republicana, Mitch McConnell, sua promessa de legislar para atender à situação de 700.000 “dreamers” em risco de deportação com a finalidade do programa Ação Diferida para os Chegados na Infância (DACA, na sigla em inglês).

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“Se não o fizer, e obviamente espero que o faça, terá violado a confiança não só dos senadores, mas também dos membros de seu próprio partido”, disse Schumer.

O DACA, criado pelo ex-presidente Barack Obama em 2012, expira no próximo 5 de março, porém mais de 15.000 dreamers já perderam seu status desde que Trump o cancelou em setembro passado.

“Estamos em um limbo”, disse à AFP María Angélica Ramírez, uma “dreamer” que chegou da Colômbia aos 14 anos e agora teme ter que se separar de seu marido e de seu filho.

“É triste e frustrante ver como os políticos nos estão usando como peões, para ganhar o que eles querem ganhar”, afirmou, enquanto protestava em Miami em frente ao gabinete do senador republicano Marco Rubio.

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