Sexo, mentiras e posts: o escândalo na família real espanhola
Felipe e Letizia eram soberanos de cartilha — até que os detalhes de um suposto caso amoroso da rainha desencadearam uma crise
Elegante como sempre, a rainha Letizia da Espanha desfilou, no início do mês, um impecável terninho branco durante a Feira do Livro de Madri, toda sorrisos para os súditos e as câmeras. O exterior sereno, no entanto, disfarçava a crise que sacode o Palácio da Zarzuela desde que surgiram as primeiras revelações sobre o tórrido affair que a rainha supostamente manteve durante anos com o empresário e investidor Jaime del Burgo. A bombástica notícia apareceu, no fim do ano passado, no livro Letizia e Eu, escrito pelo jornalista Jaime Peñafiel a partir de depoimentos do próprio Del Burgo. Peñafiel foi demitido do emprego e, vingativo, voltou à carga: acaba de lançar Os Silêncios de Letizia, com novos e suculentos detalhes, entre eles que o rei ficou “arrasado e destruído” quando soube do caso e que o casal está separado e “só mantém as aparências em público” — afirmação que o semblante carregado dos dois nas últimas aparições juntos contribui para confirmar.
As castanholas da monarquia espanhola começaram a estalar em dezembro passado, quando Del Burgo, 53 anos, postou no X uma selfie de Letizia grávida, posando diante de um espelho de banheiro envolta em um xale preto. Segundo ele, um texto apaixonado acompanhou a foto remetida para seu celular: “Amor, estou usando sua pashmina. Sinto como se você estivesse ao meu lado. Ela cuida de mim. Me protege. Conto as horas para nos vermos novamente”. Dias depois, Peñafiel lançou o primeiro livro relatando a suposta relação. Del Burgo teria lhe contado que Letizia, então âncora de um noticiário na TV, rompeu o namoro em 2002 porque estava se relacionando com o futuro rei. Eles se casariam dois anos depois, mas, sempre de acordo com Del Burgo, na véspera Letizia o procurou e retomaram o romance, que seguiu firme por sete anos.
No período, os investimentos o levaram a morar no Brasil, onde conta que sofreu uma embolia pulmonar, foi internado no Hospital Albert Einstein e falava por telefone com Letizia todos os dias. A princesa teria enfim encerrado o affair em agosto de 2011. Del Burgo não parou por aí: no ano seguinte, conheceu a irmã de Letizia, Telma Ortiz, e se casou com ela. Separaram-se dois anos depois. Em Os Silêncios de Letizia, que não tem a colaboração do suposto ex, Peñafiel descreve o calvário de Felipe, que teria tido provas em tempo real de que a mulher o traía nos relatórios diários produzidos pelos guarda-costas dela. O autor critica a rainha por seu comportamento “frio, emocionalmente imaturo e passivo-agressivo” e afirma que ela é “odiada” pelo resto da família. Segundo outra correspondente real, Pilar Eyre, Felipe pensou em separação, mas recuou. “Não creio que haverá divórcio, mas os dois podem desenhar um acordo em que cada um leva a sua vida”, especula Peñafiel.
Se for assim, Felipe estará seguindo o exemplo dos pais — Juan Carlos, que tem um currículo carregado de escândalos, e Sofia passaram décadas juntos, mal se suportando. Felipe e Letizia assumiram o trono justamente para apagar um incêndio. Era 2012, veio à tona uma foto do então rei Juan Carlos caçando na África que indignou os súditos pelo sacrifício de elefantes, pela fortuna gasta no safári e por estar acompanhado de uma amante. Em seguida ele se viu enredado em denúncias de corrupção e, premido pela impopularidade, abdicou em favor do filho em 2014. Felipe e Letizia se tornaram soberanos-modelo, com despesas controladas e criação amorosa e cuidadosa das duas filhas. Ao fazer 18 anos, em outubro, a herdeira Leonor desencadeou uma “leonormania” repleta de otimismo e sentimentos positivos — tudo de que a realeza precisa para manter a máquina andando. Até o próximo escândalo.
Publicado em VEJA de 7 de junho de 2024, edição nº 2896