Cinco soldados turcos foram mortos nesta segunda-feira, 10, em um bombardeio das forças leiais ao ditador da Síria, Bashar Assad, na província síria de Idlib, informou o ministro da Defesa, Hulusi Akar, em Ancara. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, quatro soldados rebeldes, que são apoiados pela Turquia, também foram mortos. Uma delegação da Rússia, principal aliada de Assad na região, está em Ancara para conversas sobre a província.
O ataque contra a base aérea de Taftanaz ocorre em meio à escalda de tensões entre Ancara e Damasco. Assad deseja retomar o controle na província. Atualmente, suas tropas tentam capturar a rodovia M5, que liga a cidade de Saraqib, recém-tomada pelo regime, e Aleppo. A Turquia, por outro lado, deseja manter sua influência sobre os rebeldes e manter o Exército sírio longe de suas fronteiras.
“O ataque intenso do regime tinha como alvo os nossos soldados, enviados como reforços à região que tinham com o objetivo de evitar mais conflitos em Idlib”, disse Akar, que acrescentou ser outro objetivo dos soldados turcos o de evitar a piora da crise humanitária e migratória no país.
Akad admitiu que a Turquia “destruiu alvos”, em retaliação ao bombardeio sírio. No total, oito soldados turcos e treze sírios morreram em confrontos nas últimas semanas.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 700.000 pessoas deixaram suas casas desde que Assad iniciou sua ofensiva militar contra os rebeldes apoiados pelos turcos, em dezembro. As pessoas deslocadas seguem em direção à Turquia, que está de fronteiras fechadas para novos refugiados. Atualmente, o país abriga 3,6 milhões de sírios e diz não poder comportar mais.
Com as tensões aumentando, a Rússia enviou a Ancara uma delegação para tratar sobre a situação na Síria. Apesar de Moscou apoiar Damasco, os russos também têm negócios no país turco. Recentemente, um gasoduto que liga a Rússia e a Turquia foi inaugurado e, em 2019, o presidente da Turquia, Recep Erdogan, comprou os sistemas anti-aéreos russos S-400, contrariando a recomendação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Como consequência, os Estados Unidos retiraram Ancara do programa de desenvolvimento dos caças F-35.
A província de Idlib atualmente é controlada pelo Exército da Síria Livre (FSA) e por outros grupos rebeldes menores que são ou foram ligados à Al Qaeda. Assad, por outro lado, é acusado de crimes de guerra ao utilizar armas químicas contra civis na região.
Erdogan havia ameaçado usar seu Exército contra os sírios leais a Damasco caso Assad não retirasse suas tropas da região até o fim de fevereiro. Erdogan acusa o presidente sírio de violar um cessar-fogo negociado em janeiro. Desde então, comboios de tanques e soldados turcos entraram em Idlib e se assentaram pela região.