O Ministério de Relações Exteriores da Síria afirmou nesta quinta-feira (10) que os bombardeios realizados por Israel contra bases do Irã e de forças governamentais sírias abre uma “nova etapa de confronto direto” contra a Síria.
Em comunicado divulgado pela agência oficial Sana, o Ministério considerou que a “entidade sionista”, em alusão a Israel, e seus aliados passaram da etapa de “se esconder por trás de grupos terroristas para a de um confronto direto com Damasco”.
Esta nova etapa, segundo a nota citada pela Sana, “já começou com os protagonistas” – no caso, Israel. O texto insinua que, antes, Israel interferia indiretamente, por meio de “agentes”.
O ministério qualificou os bombardeios israelenses como “um ato agressivo”, que “não tiveram sucesso em reviver o projeto de conspiração derrotado na Síria”. Também advertiu que a consequência será “o aumento da tensão na região, o que é uma ameaça séria à segurança e à paz internacional”.
Israel atacou na noite passada dezenas de alvos militares das forças sírias, iranianas e do grupo libanês Hezbollah em vários pontos da Síria, em resposta ao suposto lançamento de foguetes contra as Colinas de Golã pelo Exército iraniano.
Israel x Irã
O início das agressões entre Irã e Israel não surpreendeu analistas, já que há mais de um ano as autoridades israelenses falam sobre a ameaça iraniana e a perspectiva de um conflito, segundo o jornal britânico The Guardian.
Desde o início da guerra na Síria em 2011 e da intervenção iraniana nesse conflito, esta é a primeira vez que Israel acusa o Irã de atacá-lo e que adverte contra o uso do território sírio como base de operações iranianas contra seu território.
O governo israelense, porém, vinha atacando alvos iranianos em território sírio nos últimos meses e se preparava há semanas para possíveis represálias iranianas partindo da Síria, em particular para disparos de mísseis.
Nada permite determinar, no momento, se este foi um ataque pontual ou o início de uma escalada militar. Os ataques ocorrem em um período de grande tensão. Israel fez recentemente duras acusações contra o Irã, e os Estados Unidos abandonaram abandonar o acordo nuclear com Teerã.
Aliada ao governo sírio de Bashar Assad, a Rússia pediu o diálogo entre Israel e Irã. “Isto é uma tendência muito preocupante. Nós partimos do fato de que todos os problemas devem ser solucionados por meio do diálogo”, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, antes de destacar que Moscou advertiu Israel a evitar “todas as ações que possam ser consideradas uma provocação”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu uma “desescalada”, enquanto o governo da Alemanha denunciou uma “grave provocação” do Irã, que permanece em silêncio. “A escalada das últimas horas nos mostra que é realmente uma questão de guerra, ou paz”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
(Com EFE e AFP)