O governo da Síria anunciou na quarta-feira 7 que rejeita “categoricamente” o acordo entre Estados Unidos e Turquia para criar um corredor de segurança no norte do país, para evitar o avanço militar turco sobre a minoria curda que controla a região.
Turquia e Estados Unidos haviam anunciado antes um acordo para estabelecer um “centro conjunto de operações” para coordenar a criação de uma zona de segurança no norte da Síria, com o objetivo de evitar confrontos entre as forças turcas e as curdas, aliadas dos americanos.
Para o governo turco, a “zona de segurança” no norte da Síria deve servir como corredor humanitário, para permitir o retorno de parte dos mais de 3,6 milhões de refugiados sírios que estão em seu território.
Para o regime de Damasco, que retomou o controle de mais de 60% do território sírio, o acordo turco-americano constitui uma “agressão flagrante contra a soberania e a unidade territorial síria, assim como uma violação dos princípios do Direito Internacional”. Sobretudo, porque os dois lados pretenderiam voltar a mobilizar o Exército na região.
“A Síria rejeita categoricamente o acordo dos dois ocupantes, americano e turco, sobre a criação do que chamam de zona de segurança”, afirmou a agência oficial SANA, ao citar o Ministério sírio das Relações Exteriores. “A Síria pede à comunidade internacional e às Nações Unidas que condenem esta agressão turco-americana, que constitui uma escalada perigosa”, completou a fonte.
Os curdos são importantes aliados dos Estados Unidos na região. É de responsabilidade do Exército curdo, a Unidade de Proteção Popular (YPG), a retomada de boa parte do território sírio das mãos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Porém, a Turquia vê o YPG como um grupo terrorista e ameaça lançar uma operação militar onde os curdos estão instalados.
Nesta quinta-feira, 8, a Síria acusou os curdos sírios de serem usados como “ferramenta” em um “projeto hostil” de americanos e turcos e pediu que retornem ao “controle nacional”.
Os curdos, minoria étnica marginalizada durante anos na Síria, criaram uma região semiautônoma no norte do país no início do conflito armado em 2011.
Ancara não vê com bons olhos o projeto de autonomia perto de sua fronteira, pois teme que uma independência curda na Síria estimule movimentos separatistas em seu próprio território.
Desde 2016, o Exército turco executou duas ofensivas no norte da Síria e, no ano passado, assumiu o controle de Afrin, uma das três áreas da região “federal” autoproclamada pelos curdos.
(Com AFP)