Em meio à escalada de bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, a situação humanitária piora “a cada hora” ao sul do enclave, em torno das cidades de Khan Younis e Rafah, disse o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Palestina, Richard Peeperkorn.
Nesta terça-feira, 5, ele ainda afirmou que a ajuda humanitária que chega em Gaza é “muito pequena” e que a maior preocupação da OMS é com o sistema de saúde do território sitiado. Muitas pessoas estavam se deslocando para o sul, antes poupado dos ataques aéreos.
“Vamos testemunhar o mesmo padrão do que aconteceu no norte”, disse Peeperkorn, em referência à primeira fase do conflito entre Israel e Hamas. “Isso não pode acontecer”, acrescentou. “Quero deixar bem claro que estamos diante de um desastre humanitário crescente”.
+ Israel diz que Hamas continua usando áreas civis para atividades militares
Um dos diretores da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) também chamou atenção para o fato de que mais de 600 mil pessoas foram ordenadas a se deslocarem das zonas bombardeadas.
“Rafah, que normalmente tem uma população de 280 mil e já hospeda cerca de 470 mil deslocados internos (deslocados internos), não conseguirá lidar com o dobro de sua população”, escreveu Thomas White na plataforma X, antigo Twitter.
De acordo com o porta-voz da Unicef, James Elder, as áreas classificadas como seguras por Israel não atendem os requisitos humanitários básicos, como saneamento. Isso teria criado uma “tempestade perfeita” para surtos de doenças.
“É uma zona segura quando podemos garantir as condições de alimentação, água, medicamentos e abrigo”, disse ele a repórteres em videoconferência, depois de visitar Gaza. “Eu vi que eles estão totalmente ausentes… São pequenos pedaços de terra árida ou são esquinas de ruas. São calçadas. São prédios semi-construídos. Não há água”.
Retirada de suprimentos
A OMS também justificou a retirada de suprimentos dos armazéns em Khan Younis. Segundo Peeperkorn, a organização apenas cumpriu uma ordem israelense, que informou sobre a possibilidade de combates no lugar.
“Queremos ter certeza de que podemos realmente entregar suprimentos médicos essenciais”, disse ele.
Nesta segunda-feira, 4, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou pelo fim da proibição. Israel, por sua vez, não reconhece que tenha solicitado o esvaziamento do local.