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Sob risco de prisão, Guaidó convoca protesto e acena com ação militar

'Quero saber quem das Forças Armadas ou dos corpos de segurança vai aparecer para sequestrar o presidente da República'

Por Da redação
Atualizado em 3 abr 2019, 18h49 - Publicado em 3 abr 2019, 18h24
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  • Ameaçado de ser preso a qualquer momento, o líder opositor Juan Guaidó convocou nesta quarta-feira, 3, uma manifestação para sábado, 6, até o palácio presidencial de Miraflores e novamente sinalizou com seu possível pedido à Assembleia Nacional para autorizar para a entrada de uma missão militar estrangeira na Venezuela.

    Os Estados Unidos, seu maior aliado, não exclui uma ação armada como meio de pôr fim ao regime de Nicolás Maduro. A Assembleia Nacional, porém, não tem poderes de fato para permitir tal ação. Os membros da Assembleia Constituinte, de maioria chavista, reagiram com a acusação de “traição à pátria” a Guaidó, delito punido com até trinta anos de prisão.

    “O que mais vamos esperar? Que o regime prenda o presidente Guaidó?”, questionou a dirigente María Corina Machado, ao pedir nesta quarta-feira a ativação de um artigo que autoriza a ação militar.

    Na terça-feira 2, a Assembleia Constituinte retirou imunidade parlamentar de Guaidó e autorizou o início de um processo jurídico contra o fato de ele ter se proclamado presidente interino da Venezuela. O processo seguirá seu curso no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). Guaidó afirmou que enfrentará a ameaça de prisão com mais pressão dos venezuelanos nas ruas e da comunidade internacional contra Maduro.

    “Sabemos que é um risco. Estamos conscientes disso, mas não vamos sair do caminho”, afirmou Guaidó, que preside a Assembleia Nacional e é reconhecido como líder legítimo da Venezuela por mais de cinquenta países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil.

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    Guaidó já havia convocado uma “operação liberdade” – uma mobilização nacional até o palácio presidencial de Miraflores, em Caracas. Agora, haverá também novos protestos no país, no sábado, contra sua possível prisão e em favor da renúncia de Maduro.

    “Se o regime se atrever a me sequestrar, a ordem para o povo da Venezuela é seguir mobilizado nas ruas até o fim da usurpação. Senhores das Forças Armadas, permitir meu sequestro é ficar contra a República”, advertiu.

    Empenhado em quebrar o principal apoio de Maduro, a cúpula militar, Guaidó lançou um novo desafio aos quartéis. “Quero saber quem das Forças Armadas ou dos corpos de segurança vai aparecer para sequestrar o presidente da República”, afirmou, referindo-se a si mesmo.

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    Miraflores

    A marcha a Miraflores promete acirrar ainda mais os ânimos, no momento em que milhões de pessoas sofrem as consequências dos apagões e dos cortes de água no país. Como é habitual, o governo de Maduro também convocou mobilizações para o sábado. Segundo Guaidó, dezenas de presidentes e chanceleres expressaram preocupação pelo fim de sua imunidade parlamentar.

    Para Cecilia Sosa, ex-presidente do TSJ, qualquer coisa pode acontecer. O caso continuará no TSJ por se tratar de um delito político, mas a Procuradoria poderá apresentar uma acusação contra Guaidó por delitos ordinários. O governo de Maduro tem influência em ambas as instituições.

    “Os fatos ocorridos não têm explicação jurídica, mas política”, afirmou Sosa.

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    A prisão do líder opositor será uma “prova de fogo”, na opinião do administrador de empresas Enrique Martínez, apoiador de Guaidó. “Temo que o prendam, mas estou na expectativa de que façam isso apenas para ver a reação internacional.”

    Guaidó, de 35 anos, foi detido durante por uma  hora em 13 de janeiro – fato que  Maduro atribuiu a uma ação independente de agentes de inteligência, posteriormente punidos.

    “Havia um que se considerava muito bonito, que não seria preso e aí está”, afirmou o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, em referência a Leopoldo López, copartidário de Guaidó que cumpre em prisão domiciliar uma pena de quase catorze anos por incitar a violência.

    Guaidó se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, depois que a Assembleia Nacional, de maioria opositora, declarou Maduro como “usurpador”. Treze dias antes, o sucessor de Hugo Chávez havia iniciado seu terceiro mandato, com base em eleições consideradas fraudulentas pelo Congresso e por organismos internacionais.

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