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Socialista italiano é eleito presidente do Parlamento Europeu

David Sassoli defende a tese de que UE precisa retornar aos seus valores originais e combater o nacionalismo e a desigualdade no bloco

Por Da Redação
Atualizado em 3 jul 2019, 15h37 - Publicado em 3 jul 2019, 09h49

O Parlamento Europeu escolheu o ex-jornalista David Sassoli como seu novo presidente nesta quarta-feira, 3. O deputado italiano socialista concorria ao cargo com outros três candidatos e assumirá a posição imediatamente.

Sassoli, de 63 anos, recebeu o apoio de 345 deputados de um total de 667 que votaram nesta quarta em um segundo turno das eleições para presidente. Ele assume o seu mandato de dois anos e meio e substitui outro político italiano, o conservador Antonio Tajani, que ocupava o cargo desde 2017.

Em um discurso após a divulgação do resultado da votação interna, o italiano afirmou que a União Europeia (UE) é uma união “imperfeita” que precisa retornar aos seus valores originais e combater o nacionalismo e a desigualdade.

“Precisamos fortalecer a nossa capacidade de desempenhar um papel de liderança na democracia”, disse, enfatizando a necessidade de reformas no sistema de acolhida de refugiados da UE.

O italiano ainda descreveu o Brexit como um processo “doloroso”, mas enfatizou que respeitará o desejo dos britânicos, caso o Reino Unido decida concluir o processo de saída da UE. “O Parlamento Europeu garantirá a independência dos cidadãos europeus – só eles são capazes de determinar sua própria história”, disse.

Ele afirmou ainda que negociações sobre o Brexit deveriam ser conduzidas com “bom senso e um espírito de diálogo e amizade”. “Para nós, é doloroso conceber Londres distante de Paris, Madri, Berlim, Roma”, afirmou Sassoli.

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O apoio do Parlamento é necessário para concluir o acordo sobre a separação entre o Reino Unido e o bloco.

Sassoli é deputado do Parlamento Europeu desde julho de 2009 e integra o Partido Democrático da Itália. A legenda faz parte da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), o agrupamento de partidos de centro-esquerda do legislativo europeu.

Na terça-feira 2, a liderança da UE entrou em acordo sobre as distribuições dos principais cargos do bloco e decidiu que a presidência do Parlamento seria atribuída ao S&D. É tradição que os grupos políticos se dividam entre os principais postos europeus.

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Apesar de outros três candidatos à chefia do legislativo terem se apresentado para concorrer na votação – a alemã Ska Keller, pelos partidos ambientalistas; a espanhola Sira Rego, do Grupo da Esquerda Unitária; e o checo Jan Zahradil, pelos Conservadores e Reformistas Europeus – era praticamente certa a eleição de Sassoli.

Como houve entendimento entre os grupos políticos, as bancadas das outras duas maiores legendas da casa – o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, e os liberais do Renovar Europa – não apresentaram candidatos.

Outros cargos

Na terça, após dias de impasse, foram anunciados os novos nomes que assumirão outros cargos de liderança da UE. Ursula von der Leyen, ministra da Defesa da Alemanha, foi eleita presidente da Comissão Europeia, substituindo o luxemburguês Jean-Claude Juncker.

Na hierarquia das instituições da União Europeia, a Comissão desempenha um papel semelhante ao do Poder Executivo em uma nação. Aliada da chanceler Angela Merkel, a ministra Von der Leyen vai administrar o orçamento do bloco, negociar tratados internacionais e implementar a política acordada entre os países-membros.

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Donald Tusk, líder do Conselho Europeu, anunciou também Christine Lagarde, atual diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), para o Banco Central Europeu (BCE), instituição responsável pela política monetária da zona do euro. Já Tusk será substituído por Charles Michel, primeiro-ministro da Bélgica.

O Parlamento

O Parlamento tem funções importantes dentro da União Europeia. A Casa aprova legislações internas, define os orçamentos e supervisiona uma variedade de instituições do bloco. Também desempenha um papel crucial na escolha do presidente da Comissão Europeia.

As eleições para o legislativo foram realizadas no fim de maio em todos os países do bloco e puseram fim ao domínio dos partidos tradicionais de centro-direita e centro-esquerda. Os resultados da votação também revelaram um panorama em que a ultradireita nacionalista, os liberais e os ambientalistas representarão uma força mais significativa.

Nas eleições para o Parlamento, os cidadãos de cada país votam em candidatos que representam as legendas nacionais. Após eleitos, os eurodeputados membros se associam nos chamados partidos pan-europeus. Atualmente, são oito grupos, que se reúnem de acordo com a vertente política de suas bases nacionais.

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Os nacionalistas e populistas de direita, por exemplo, se agrupam em torno do Europa das Nações e das Liberdades (ENL). Fazem parte desta união os partidos Liga Norte, do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, Frente Nacional, da ex-candidata à Presidência da França Marine Le Pen, e o Partido do Brexit, do eurófobo britânico Nigel Farage.

Também se agregam ao ENL as legendas da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), além de representantes da Polônia, Holanda, Romênia e Bélgica.

(Com Reuters)

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