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Sucesso de acordo Trump-Kim depende das próximas negociações

Declaração vaga e temperamento dos dois líderes deixam dúvidas sobre o cumprimento das promessas da Coreia do Norte de acabar com seu programa nuclear

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 12 jun 2018, 16h11 - Publicado em 12 jun 2018, 14h52
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  • O aperto de mãos, as quatro horas de reuniões e a assinatura da declaração conjunta expuseram Donald Trump e Kim Jong-un mundo afora como líderes empenhados na desconstrução do arsenal nuclear da Coreia do Norte e na pacificação do Leste Asiático. Mas o documento final não trouxe as expressões esperadas e revelou-se acanhado. Somado aos temperamentos dos dois líderes, há poucas garantias de que apenas o estritamente impresso no papel seja cumprido.

    “A Coreia do Norte não prometeu nada mais do que promete há 25 anos”, afirmou Vipin Narang, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT). “A esta altura, não há nenhuma razão para pensar que a reunião de cúpula resulte em algo mais concreto em termos de desarmamento.”

    O histórico descumprimento dos prévios acordos de 1994, rompido oito anos depois pelos Estados Unidos por suspeitas de retomada do programa nuclear norte-coreano, e de 2005, anulado porque Pyongyang decidiu testar seus mísseis de longo alcance, não traz otimismo. Mas ainda há um pouco de esperança de avanço.

    A declaração conjunta certamente foi o texto possível. Nele, a Coreia do Norte “reitera um compromisso firme e inquebrantável a favor da desnuclearização completa”. Mas não resvala no compromisso de desnuclearização completa verificável e irreversível” exigida por Washington antes da reunião de cúpula desta terça-feira 12 em Singapura.

    Do outro lado, a Coreia do Norte não recebe nenhuma contrapartida descrita no texto. As promessas de fim dos exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e Coreia do Sul e mesmo de redução das tropas e bases americanas naquele país foram expressas por Trump em entrevista à imprensa. Não está no documento.

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    A declaração insistentemente menciona a “desnuclearização da Península Coreana“, e não apenas da Coreia do Norte. Esse fato indica a pressão de Kim Jong-un para que Donald Trump remova da Coreia do Sul e da vizinhança da península todo e qualquer artefato atômico presente.

    A declaração tem o tom dos acordos iniciais, vago e sem detalhes. Mas isso era esperado. O próprio Trump, na semana passada, afirmou que seu encontro com Kim seria o primeiro passo de uma longa negociação. Desde então, ele tem elogiado a China e pedido ao governo de Xi Jinping que mantenha sua pressão sobre Pyongyang. É o que pode fazer diferença.

    A expectativa é de que o calendário de desmonte da estrutura nuclear norte-coreana, de verificação desse processo e outros compromissos adicionais seja definido a partir da próxima semana, quando o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, deverá se reunir com um par da Coreia do Norte, cujo nome não foi ainda divulgado.

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    Para Larry Korb, especialista em Defesa e Segurança do Center for American Progress, de Washington, Kim Jong-un fez as mesmas promessas que seu pai e seu avô fizeram, mas nunca cumpriram. “Essa é a questão-chave”, afirmou a VEJA. “Não temos nenhum sinal de que a Coreia do Norte levará adiante suas promessas. O único que temos agora é a esperança, o que já é um grande passo porque não a tivemos nos últimos trinta anos”, completou.

    Segundo Korb, embora não esteja no texto da declaração, o fim dos exercícios militares dos Estados Unidos com a Coreia do Sul vai significar uma mudança substancial na forma como Washington e Seul vêm trabalhando. Os compromissos a ser alcançados nas próximas negociações deverão também imprimir o compasso da adoção das medidas, como a destruição das armas nucleares norte-coreanas ao longo do tempo.

    Com todo o seu poder nuclear e mísseis balísticos, a Coreia do Norte entrou nesse processo porque precisa da flexibilização das sanções da comunidade internacional. Não apenas as dos Estados Unidos, mas sobretudo as da China. “Isso vai ajudar Kim Jong-un a lidar com a situação em casa. Com a comunicação moderna, é mais difícil manter as pessoas sem saber o que se passa no resto do mundo”, explicou.

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    Michael Kovrig, do think tank International Crisis Group (ICG), de Washington, concorda ter sido o encontro entre Kim e Trump um ponto de partida positivo para negociações longas e difíceis. “É uma enorme vitória para Kim Jong-un, que fez uma grande jogada cara a cara com o presidente americano”, afirmou Krovig. “Seu pai e seu avô sonharam com isso.”

    (Com AFP)

     

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