Suíça propõe sediar encontro Rússia-Ucrânia e oferece imunidade a Putin
Presidente russo é alvo de mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de crimes de guerra

A Suíça se disponibilizou nesta terça-feira, 19, para sediar uma cúpula de paz entre a Rússia e a Ucrânia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que prepara terreno para uma bilateral entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. O ministro das Relações Exteriores suíço, Ignazio Cassis, disse que seu país concederia imunidade ao presidente russo caso ele comparecesse, já que é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de crimes de guerra.
Cassis declarou em entrevista coletiva que, sob certas circunstâncias, Putin seria autorizado a desembarcar na Suíça. No ano passado, o governo suíço definiu “as regras para a concessão de imunidade a uma pessoa sob mandado de prisão internacional. Se essa pessoa vier para uma conferência de paz, não se vier por motivos particulares”, disse o chanceler.
O chanceler afirmou que há precedentes, inclusive recentes, para isso. No mês passado, Genebra sediou a 6ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, um encontro de três dias convocado pela União Interparlamentar, e permitiu a participação da Rússia com Valentina Matviyenko, presidente da câmara alta da Assembleia Federal russa, apesar das sanções internacionais.
País neutro
Quem primeiro levantou a ideia da Suíça sediar o encontro foi o presidente da França, Emmanuel Macron. Numa entrevista nesta terça-feira ao canal de notícias francês LCI, após participar de reuniões na Casa Branca sobre a Ucrânia, ele afirmou que o ideal seria Putin e Zelensky se encontrarem em “um país neutro”. “Estou pressionando por Genebra”, disse Macron.
Cassis garantiu que a Suíça estava totalmente preparada para sediar a reunião e destacou a longa experiência do país, militarmente neutro, na área. Admitindo que a relação de seu país com a Rússia esfriou depois que Genebra decidiu igualar as sanções impostas pela vizinha União Europeia diante da invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022, ele afirmou, no entanto, que “reiterou constantemente a disposição” de organizar cúpulas do tipo durante seus contatos com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nos últimos meses.
“Disseram-me que, desde que a Suíça adotou sanções europeias, eles naturalmente perderam parte do desejo de realizar (o encontro) na Suíça”, declarou, embora o Ministério das Relações Exteriores já tenha reiterado a Moscou que isenções a restrições de viagem estão previstas pela lei e por acordos internacionais.
Putin visitou Genebra pela última vez para um encontro com o então presidente americano, Joe Biden, em junho de 2021. As negociações bilaterais mais recentes entre a Rússia e a Ucrânia ocorreram em Istambul, uma vez que a Turquia é considerada mais amigável por Moscou, apesar de ser membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).