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Suprema Corte se inclina a apoiar Trump em decreto anti-imigração

Julgamento no tribunal é fase final de uma dura batalha judicial que se arrasta há 15 meses – e deve terminar apenas no fim de junho

Por Da redação
25 abr 2018, 23h02

A Suprema Corte dos Estados Unidos se mostrou dividida nesta quarta-feira acerca do decreto anti-imigração do presidente Donald Trump, que proíbe a entrada de pessoas de seis países predominantemente muçulmanos.

Cinco dos nove juízes da Corte pareceram estar convencidos de que Trump não excedeu sua autoridade ao assinar a mais recente versão da lei migratória. Os magistrados analisam se o decreto viola leis federais. A decisão final deve ser tomada apenas no fim de junho.

O presidente da Corte, John Roberts, e o ministro Anthony Kennedy – que costumam ser votos decisivos – fizeram indagações céticas aos representantes que questionam a proibição.

Os quatro juízes progressistas que se opõem à medida se concentraram na política dos países muçulmanos e no histórico de declarações antimuçulmanas durante as eleições de 2016.

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Diversas decisões judiciais no ano passado destacaram essas preocupações e classificaram a medida como inconstitucional – criando, na época, um grande contratempo para o novo governo. Mas a terceira versão do decreto, de setembro passado, que inclui a Coreia do Norte e a Venezuela além de seis países de maioria muçulmana, pareceu aceitável para a maioria dos juízes.

A primeira versão da medida data de 27 de janeiro de 2017, uma semana depois de Trump assumir a Presidência.

Promessa de campanha

O julgamento é a fase final de uma dura batalha judicial que se arrasta há 15 meses e rapidamente se tornou uma marca da era Trump. Ele despertou protestos, inclusive um em frente à Corte, em que ativistas carregavam cartazes nos quais se lia “Americano muçulmano com orgulho” e “Sem intolerância, sem ódio”.

Cumprindo uma promessa de campanha, o decreto de Trump proibiu durante 90 dias a entrada de pessoas de Iraque, Iêmen, Síria, Líbia, Irã, Somália e Sudão. Preparada em sigilo, a ordem surpreendente criou o caos em aeroportos no mundo todo, e manifestantes foram às ruas criticar a suposta violação da proteção constitucional às liberdades religiosas.

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As diferentes versões do decreto anti-imigração provocaram fortes confrontações na Justiça. Emitida em setembro, a terceira – sem o Sudão, mas acrescentando o Chade, a Coreia do Norte e algumas autoridades venezuelanas – não fugiu à regra.

Em 17 de outubro passado, um juiz do Havaí suspendeu a terceira versão, firmada em 24 de setembro. Um tribunal de Maryland também bloqueou a medida. O governo apelou dessas decisões, e a Suprema Corte agora julga o decreto.

‘Terroristas estrangeiros’

O advogado do Havaí, Neal Katyal, tentou provar a existência de preconceitos religiosos na decisão de Trump. “É um poder que nenhum presidente exerceu em 100 anos”, disse Katyal aos ministros.

A ministra Sonia Sotomayor, da ala liberal, concordou: “Onde o presidente consegue a autoridade para fazer mais do que o Congresso estabeleceu?”.

O Advogado-Geral Noel Francisco, que representou o governo de Trump, defendeu que a o decreto se baseou em questões de segurança nacional. “A exclusão de estrangeiros é um ato político”, disse ele. “Isso cai justamente dentro do poder do presidente”, afirmou ao tribunal.

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Francisco argumentou que os ataques de Trump aos muçulmanos em 2016 foram declarações de “um cidadão particular”, e não de Trump como líder, ou formulador de políticas. “Isso não é uma proibição aos muçulmanos (…). É uma ordem baseada em uma avaliação de diversas agências”.

A ministra Elena Kagan pediu a Francisco que considerasse como seria se um presidente ordenasse uma proibição aos viajantes israelenses depois de fazer declarações antissemitas.

“Se o gabinete fosse realmente até ele e dissesse ‘Senhor presidente, há honestamente um risco de segurança nacional aqui e você tem que agir’, acho que então o presidente seria autorizado a seguir esse conselho”, Francisco respondeu.

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O tribunal deve rever o caso nos próximos dois meses antes de chegar a uma decisão, no fim de junho.

(Com AFP)

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