O Talibã proibiu a venda de anticoncepcionais em duas das principais cidades do Afeganistão, Cabul e Mazar-i-Sharif, alegando que seu uso por mulheres é uma “conspiração do Ocidente” para controlar a população muçulmana.
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Segundo uma investigação do jornal britânico The Guardian, combatentes do Talibã vão de porta em porta, ameaçando parteiras e limpando as prateleiras de todos os medicamentos e dispositivos anticoncepcionais.
“Itens como pílulas anticoncepcionais e injeções de Depo-Provera não podem estar na farmácia desde o início deste mês, e estamos com muito medo de vender o estoque existente”, disse um lojista em Cabul ao Guardian.
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Este é apenas o mais recente ataque aos direitos das mulheres pelo Talibã. Desde que chegou ao poder, em agosto de 2021, proibiu o ensino superior para meninas e fechou universidades para mulheres, forçou as mulheres a deixarem seus empregos e restringiu sua liberdade para sair de casa.
Banir anticoncepcionais é uma medida significativa em uma nação com um sistema de saúde já frágil, e onde de 61% a 72% das mulheres vivem na pobreza. Uma em cada 14 mulheres afegãs morre de causas relacionadas à gravidez, sendo do Afeganistão um dos países mais perigosos do mundo para dar à luz.
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Até agora, o Ministério da Saúde Pública do Talibã em Cabul não emitiu nenhuma declaração oficial sobre o assunto.
Ao Guardian, Shabnam Nasimi, uma ativista social que mora no Reino Unido, mas nasceu no Afeganistão, disse: “O controle do Talibã não apenas sobre o direito humano das mulheres de trabalhar e estudar, mas agora também sobre seus corpos, é ultrajante.”